Interrupção no ciclo de cortes da taxa Selic e dólar podem afetar planos de investimentos no país

Embora a expectativa seja de aumento no nível dos investimentos em relação a 2023, um cenário mais incerto com a decisão do Copom e o real mais desvalorizado fazem com que o empresariado fique mais cauteloso, segundo economista do FGV Ibre.
25 de junho de 2024

O avanço de 0,8% no PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre, puxado pelo setor de serviços, mostrou aumento de 4,1% nos investimentos em relação ao último trimestre de 2023. Contudo, a interrupção do ciclo de corte na taxa básica de juros, a Selic, pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central na semana passada, pode fazer com que o empresariado repense seus investimentos.

Por ora, a expectativa é que o desempenho da FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo) tenha alta ante o ano anterior, conforme salienta a economista Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB, da FGV Ibre.

“A expectativa ainda é essa [de crescimento]. É claro que agora é bem menor do que estava no início do ano, porque a perspectiva era que o corte dos juros seguisse ali num ritmo mais forte. Agora há muita incerteza”, pontuou, em entrevista ao O Globo.

De acordo com o último Monitor do PIB, a FBCF cresceu 4,8% no trimestre móvel encerrado em abril. Todos os componentes contribuíram positivamente para esse crescimento, com máquinas e equipamentos crescendo 5,5%, construção 3,5% e outros 7,2%.

A economista salienta, no entanto, que a questão do dólar também acaba tornando muito mais cara a aquisição de máquinas e equipamentos, o que pode resultar numa diminuição de ritmo.

Em 2023, o investimento caiu 3,4%, sendo que o item máquinas e equipamentos fechou com retração de 8,5% no ano. A construção também contribuiu negativamente para esse resultado, com queda de 0,5%.

Fim do ciclo de corte na Selic tem efeito negativo na economia, aponta economista do FGV Ibre

O ciclo de cortes na Selic começou em agosto do ano passado, quando a taxa estava em 13,75% ao ano, um dos maiores patamares históricos.

“O fim do ciclo de corte de juros tem um efeito negativo na economia, então a atividade econômica tende a frear quando isso acontece. Como a expectativa era que haveria corte de juros ao longo do ano, então a decisão dos empresários acabou sendo de modernizar. Mas, como esse aumento das incertezas, qualquer decisão dos empresários será mais cautelosa. Eles só vão adquirir máquinas se precisarem”, disse Juliana.

Sobre os resultados do primeiro trimestre deste ano, ela comentou que a composição dos investimentos no período, “máquinas e equipamentos tiveram resultado muito forte. Importados, inclusive”.

Porém, com o dólar subindo, Juliana avalia que o custo fica maior e o ritmo pode diminuir e até parar um pouco.

Mas ela lembra também que todo o esforço de reconstrução do Rio Grande do Sul vai acabar impulsionando essa parte da construção, que é um segmento também muito importante dos investimentos. Também é esperada uma ação do governo para estimular mais a economia.

Intenção de investimento avança, aponta CNI

A reportagem de O Globo mostra também que o indicador de intenção de investimento avançou 0,5 ponto de abril para maio e atingiu 57,4 pontos em junho. Com o avanço, o índice está 5,5 pontos acima da média histórica da série, de 51,9 pontos.

Porém, da última reunião do Copom para o último resultado do indicador o cenário mudou bastante.

No início deste ano, algumas empresas de diferentes áreas anunciaram planos de investimento ao longo dos meses. Resta saber como as altas recentes do dólar e a decisão do Copom pode impactar ou não esses planejamentos.

Redação ICL Economia
Com informações de O Globo

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