Os juros do rotativo do cartão de crédito subiram de 411,9% ao ano, em fevereiro, para 421,3% ao ano, em março, conforme informações divulgadas, nesta manhã de sexta-feira (3), pelo Banco Central. Esse é o maior patamar desde dezembro de 2023 (442,1% ao ano).
O aumento de 9,4 pontos percentuais em março aconteceu apesar de o CMN (Conselho Monetário Nacional) ter limitado a 100% da dívida original o valor total do débito dos clientes no cartão de crédito rotativo. A medida vale desde janeiro deste ano.
Com a alta em março, foi interrompida uma sequência de dois meses de recuo nos juros do cartão de crédito rotativo (janeiro e fevereiro).
Essa é a modalidade de crédito mais cara do país. O patamar de março é quase 40 vezes acima da taxa básica da economia, a Selic (atualmente em 10,75% ao ano), que serve de parâmetro para os bancos buscarem recursos no mercado.
O crédito rotativo do cartão de crédito é acionado quando o detentor do cartão não paga o valor total da fatura na data do vencimento, mas não quer ficar inadimplente.
Os dados divulgados hoje pelo BC também mostram relativa estabilidade nas concessões de novos empréstimos no rotativo do cartão de crédito.
Em março, foram contratados R$ 29,7 bilhões nessa modalidade de crédito. Patamar próximo à média de 2022 (R$ 28,38 bilhões por mês) e de 2023 (R$ 30 bilhões por mês).
Além dos juros do rotativo do cartão, taxas cobradas em operações de pessoas físicas e jurídicas também sobem
A taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações com pessoas físicas e empresas teve pequeno aumento de 0,2 ponto percentual em março, para 40,5% ao ano. Esse é o maior patamar desde dezembro de 2023, quando estava em 40,8% ao ano.
O juro foi calculado com base em recursos livres, o que significa que não incluem os setores habitacional, rural e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Quando analisados separadamente, a taxa média de juros cobrada nas operações com empresas caiu de 21,4% ao ano, em janeiro, para 20,9% ao ano em março deste ano. Com a queda de 0,5 ponto percentual, atingiu o menor patamar desde dezembro de 2021 (19,7 % ao ano).
Já nas operações com pessoas físicas, os juros subiram de 52,6% ao ano, em fevereiro, para 53,4% ao ano em março deste ano. Com o aumento de 0,8 ponto percentual, atingiu o maior nível desde dezembro de 2023 (54,2% ao ano).
Isso significa que os bancos, de modo geral, não têm acompanhado a redução da Selic, que saiu de um patamar de 13,75% ao ano, em agosto do ano passado, para os atuais 10,75% ao ano, a menor em dois anos.
Cheque especial cai e volume de crédito sobe
No caso do cheque especial das pessoas físicas, a taxa recuou de 132,1% ao ano, em fevereiro, para 127,6% ao ano em março de 2024. Com isso, atingiu o menor patamar desde janeiro de 2024 (125,8% ao ano).
Por sua vez, o volume total do crédito bancário em mercado, de acordo com o Banco Central, subiu 1,2% em março deste ano, para R$ 5,9 trilhões. No fechamento do ano passado, estava em R$ 5,78 trilhões.
“Esse resultado decorreu dos incrementos de 2,0% no saldo das operações de crédito às pessoas jurídicas e de 0,7% no de pessoas físicas, que totalizaram R$ 2,3 trilhões e R$ 3,6 trilhões, respectivamente”, informou o Banco Central.
O saldo do crédito livre às pessoas físicas cresceu 0,4% no mês de março, e 8,2% em doze meses, com destaque para os incrementos nas carteiras de financiamento para a aquisição de veículos (1,5%), crédito pessoal não consignado (1,4%), e consignado para beneficiários do INSS (1,2%).
Já o saldo de crédito livre às empresas cresceu 3% tanto em março quanto em 12 meses. Contribuíram para esse desempenho, informou o BC, o incremento na carteira de desconto de duplicatas e outros recebíveis, de 14,2%, assim como as elevações das carteiras de cartão de crédito total (14%), e de adiantamentos de contratos de câmbio (ACC), 5,6%.
Inadimplência estável
A taxa de inadimplência média registrada pelos bancos nas operações de crédito, por sua vez, ficou estável em 3,2% em março, o maior patamar desde novembro de 2023 (3,4%).
Nas operações com pessoas físicas, a inadimplência recuou de 3,7% em fevereiro para 3,6% em março, enquanto a das empresas caiu de 2,6% para 2,5% de fevereiro para março deste ano.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias