Líderes europeu comemoram embargo ao petróleo russo, mas população deve sofrer com alta dos preços

Sem o petróleo da Rússia, a Ásia e a Europa vão disputar a tapa o petróleo do Oriente médio, fazendo o preço do barril subir ainda mais
31 de maio de 2022

O acordo fechado entre membros da União Europeia (UE) por um embargo ao petróleo da Rússia deixará o caminho livre para que o Conselho Europeu finalize o projeto que reduzirá em 90% as compras da commodity russa pelo bloco, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Segundo comentou a jornalista Heloísa Villela, durante o ICL Notícias desta terça (31), o embargo ao petróleo russo foi muito comemorado pelos líderes europeus. O fato é que, com a escassez do petróleo e a consequente disputa pelo barril, os preços vão disparar e a população é que vai sofrer no final das contas. Na Alemanha, a inflação já é a pior dos últimos 50 anos e deve piorar em função do acordo fechado ontem (30) para a redução da importação.

Para von der Leyen, foi um importante passo adiante. Em breve, será resolvida a questão dos 10% restantes do petróleo transportado por oleodutos. No acordo, a UE retirou do embargo as entregas por essa via para preservar economias muito dependentes da energia provida pela Rússia, como Hungria, República Checa e Eslováquia.

A dirigente também destacou como importantes passos dados na segunda-feira a retirada do Sberbank – o maior banco russo e que equivale a 37% do setor bancário do país, segundo ela – do sistema Swift; proibições a seguro e resseguro de navios russos por empresas da UE; proibição de fornecer às empresas russas uma “gama de serviços empresariais”; e suspensão da transmissão na UE de mais três veículos estatais russos.

O gás da Rússia continua sendo importado por alguns países que aceitam pagar em rublos. A
Holanda, por exemplo, não recebe mais gás da Rússia. Do total de gás consumido no país, a fatia de 15% vinha da Rússia. Agora compra de outras fontes.

Embargo ao petróleo e alta dos preços diminuirão competitividade dos produtos da Europa

Na avaliação do economista Eduardo Moreira, sócio-fundador do ICL, a situação vai ser ainda mais complicada para a Europa, que vem de mais de uma década de baixo crescimento econômico  com uma pandemia na sequência. E, agora, com a escassez do petróleo e alta dos preços, vai ter de embargo ao petróleo lidar com produtos menos competitivos no mercado global. “Nessas condições, a China vai voar”, diz Eduardo Moreira.

“O fato é que, sem o petróleo da Rússia, a Ásia e a Europa vão disputar a tapa o petróleo do Oriente Médio, fazendo o preço do barril subir ainda mais. Haverá um impacto da inflação na economia mundial”, diz Moreira.

Mundo vai ter que lidar com escassez do petróleo

O conflito na Ucrânia tem um impacto direto sobre o mercado mundial de combustíveis. O escoamento do petróleo para países da Europa era feito pelos oleodutos pelos russos. Com as sanções, agora, a Rússia está vendendo mais para China, Índia e Paquistão.

Mas, para chegar a esses países, o petróleo tem que sair da Sibéria, dar a volta toda para chegar de barco. Custa muito mais caro a compra do petróleo por esse caminho. E, como a Rússia está sem dinheiro para investir em mais extração de petróleo, a produção do país também está diminuindo.

A Petrobras já tem buscado alternativas como fornecedores na África Ocidental ou na Índia, que demoram mais a chegar no país. Um carregamento da Índia, por exemplo, levaria de 45 a 60 dias para desembarcar no Brasil.

O  Brasil também corre o risco de desabastecimento de óleo diesel no início do segundo semestre deste ano, em função da prevista escassez de oferta no mercado internacional e do baixo nível dos estoques mundiais por conta do embargo ao petróleo da Rússia.  Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), a dependência pelo produto importado revela o equívoco da política do governo Bolsonaro, que não criou novas refinarias, reduziu investimentos no setor do refino e decidiu vender unidades da Petrobras.

Apesar de ser autossuficiente na produção de petróleo, o Brasil importa atualmente cerca de 25% de suas necessidades de diesel no mercado interno, de acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP), devido à baixa utilização das refinarias brasileiras e a não conclusão de obras importantes no setor.

Este mês, a Petrobras reajustou em 8,87% o preço do diesel nas refinarias. O preço médio do combustível para as distribuidoras passou de R$ 4,51 para R$ 4,91 o litro. Em um ano, o diesel subiu 52,53%.

Segundo a Federação Única dos Petroleiros, a troca de pessoas no comando da Petrobras não influenciará nos preços dos combustíveis. “Esse é mais um ataque de Bolsonaro à maior empresa do País. Mais um movimento eleitoreiro e desesperado do presidente para tentar se distanciar do preço dos combustíveis”, afirma a Federação.


Redação ICL Economia
Com informações do ICL Notícias e das agências

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