Luís Nassif vê ‘país refém da Faria Lima’ com pacote de corte de gastos

Para Nassif, "O mercado quer redesenhar a Constituição que definiu verbas para a saúde e a educação. A Faria Lima quer revisar a Constituição com essa chantagem agora".
6 de novembro de 2024

O comentarista de economia do ICL Notícias, o jornalista Luís Nassif, avaliou que o país está “refém da Faria Lima”, devido à pressão que o mercado financeiro está fazendo sobre o governo para que anuncie o pacote de corte de gastos.

“A Faria Lima joga o dólar a R$ 5,70, R$ 5,80 e ameaça jogar para mais de R$ 6. Em toda política cambial correta, o dólar tem que refletir a relação comercial entre países. Se o país exporta muito, recebe mais dólar e a moeda local [no caso brasileiro, o real] se deprecia – e vice-versa. Aqui no Brasil, nesse modelo maluco que foi criado, o dólar é fixado por operações de arbitragem do mercado financeiro, da Faria Lima. Então, eles jogam para onde quiserem”, explicou na edição de ontem (5) do ICL Notícias 1ª edição.

Na última sexta-feira (1º), nesse movimento de pressão do mercado, o dólar bateu na casa dos R$ 5,87. Mas, na segunda-feira (4), após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ter dito que o governo trabalhava para finalizar a proposta para cortar gastos, a Bolsa teve alta histórica e a moeda norte-americana caiu.

A pressão, segundo Nassif, não se justifica. “O ponto central é que o déficit primário brasileiro [despesa menos receita] é irrisório perante qualquer país da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico] e perante a maioria dos países do mundo. O grande déficit que nós temos é o déficit nominal, que é a taxa de juros da dívida pública”, disse.

Para Nassif, o mercado financeiro “age como um cartel”, pois quando não é entregue o que ele quer, há movimentos especulativos.

“O mercado quer redesenhar a Constituição que definiu verbas para a saúde e a educação. A Faria Lima quer revisar a Constituição com essa chantagem agora”, disse.

“Governo está vulnerável”, diz Nassif

Para Nassif, o governo brasileiro está é vulnerável e a situação tende a piorar com a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas. “É um governo muito vulnerável e com uma eleição do Trump fica mais vulnerável ainda”, disse ele antes de ser confirmada a vitória do republicano, o que aconteceu hoje.

O ex-presidente teve uma vitória acachapante contra a vice-presidente democrata Kamala Harris, fazendo dólar, bitcoin, títulos do Tesouro norte-americano indicadores dispararem. Entre as promessas dele, está a adoção de tarifas protecionistas à indústria dos EUA, o que deve afetar produtos brasileiros exportados ao país, além do dólar.

No aspecto da política monetária, Nassif diz esperar que o diretor de política monetária e futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, tome algumas atitudes no médio prazo para “tirar esse poder da Faria Lima”.

 

Assista à análise completa do jornalista Luís Nassif no vídeo abaixo:

Redação ICL Economia
Com informações do ICL Notícias 1ª edição

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