Mercado financeiro eleva projeção de inflação oficial para 5,96% em 2023 e mantém PIB em 0,9%

Na abertura da reunião com ministros, presidente Lula deu recado ao mercado: "Eu acho que a gente vai crescer mais do que os pessimistas estão prevendo"
3 de abril de 2023

O mercado financeiro aumentou as projeções para a inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para este ano. De acordo com o Boletim Focus, divulgado nesta manhã de segunda-feira (3), a expectativa dos representantes de mais de cem instituições consultadas para a publicação é de aumento de 5,93% para 5,96%, em relação ao que foi projetado na edição da semana passada do documento.

Se confirmada a projeção, será a terceira vez consecutiva que a inflação estoura a meta estipulada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). Para 2023, a meta de inflação foi fixada em 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.

Isso significa que a política adotada pelo Copom (Comitê de Política Monetária), de manter a taxa básica de juros em 13,75% para controlar a inflação, não está surtindo o efeito esperado. A Selic alta tem afetado o ambiente de negócios do país, trazendo enormes impactos para a população e para a economia brasileira.

Para 2024 a projeção de inflação do mercado financeiro permaneceu em 4,13%. A meta de inflação do próximo ano, definida pelo CMN, é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.

Desde que assumiu o governo, em janeiro deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem criticado a postura do Banco Central de manter os juros nas alturas sem uma razão plausível para isso. Pesquisa Datafolha divulgada no fim de semana mostra que 80% da população, principalmente quem ganha até dois salários mínimos e desempregados, concordam com o petista.

Sobre o PIB (Produto Interno Bruto), o Boletim Focus mostra que o mercado financeiro projeta crescimento da economia brasileiro em 0,9% este ano, o mesmo patamar da edição passada. Já para 2024,  a previsão de crescimento avançou de 1,40% para 1,48%. A previsão é abaixo do que prospecta o Ministério da Fazenda, que estima expansão do PIB de 1,61% para 2023 e de 2,34% para o próximo ano.

Nesta manhã de segunda-feira, o presidente disse, durante abertura de reunião com ministros, que não acredita na avaliação de especialistas do mercado financeiro sobre o crescimento do PIB. Sem citar números, o petista afirmou que a economia brasileira vai crescer mais que o previsto pelas instituições financeiras, a depender do sucesso dos programas que estão sendo elaborados pelo governo.

“Eu estou convencido que o país vai dar um salto de qualidade. Eu disse para o Haddad [Fernando Haddad, ministro da Fazenda] na semana passada que eu não concordo com as avaliações negativas de que o PIB vai crescer zero não sei das quantas, zero ponto um, de que o PIB não sei das quantas”, comentou Lula.

“Eu acho que a gente vai crescer mais do que os pessimistas estão prevendo. Vai acontecer mais coisas no Brasil do que as pessoas estão esperando que vá acontecer. E vai depender muito, mas muito da disposição do governo”, enfatizou.

Mercado financeiro estima taxa básica de juros estável em 12,75% ao final de 2023

De acordo com o Boletim Focus, o mercado financeiro manteve a expectativa para a taxa básica de juros da economia estável em 12,75% ao ano para o fim de 2023.

As projeções do mercado vão na contramão do que indicou a autoridade  monetária em seu último comunicado, de que a Selic será mantida em patamares elevados, podendo até mesmo subir mais, a depender do comportamento da inflação.

Para o fim de 2024, a projeção do mercado para a taxa Selic ficou estável em 10% ao ano.

No Boletim Focus, o mercado manteve a previsão para a taxa de câmbio estável em R$ 5,25 para o fim deste ano. Também manteve a projeção para a cotação do dólar estável em R$ 5,30 para o fim de 2024.

De mesmo modo, o saldo da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) foi mantido em US$ 55 bilhões de superávit em 2023. Para 2024, a expectativa para o saldo positivo também ficou estável em US$ 52,4 bilhões.

O ingresso de investimento estrangeiro direto no Brasil, neste ano, permaneceu em US$ 80 bilhões, e, para 2024, a projeção foi mantida em US$ 80 bilhões.

Redação ICL Economia
Com informações das agências e do site G1

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