Durou apenas 28 minutos a primeira reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional) sob o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, conforme comunicado divulgado no fim da tarde de ontem (16), mudanças no regime de metas de inflação não estiveram na pauta do encontro. A taxa básica de juros (Selic), que tem estado no centro do embate entre Lula e o Banco Central, também não foi tema da reunião.
O conselho é presidido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e integrado também pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
A taxa básica de juros, mantida em 13,75% ao ano pela quarta vez seguida pelo Copom (Comitê de Política Monetária), a meta de inflação e a autonomia do Banco Central têm sido criticadas pelo presidente Lula. O próprio ministro da Fazenda também criticou o patamar da Selic em encontro com empresários, por entender que o indicador pode travar a retomada econômica do Brasil.
De seu lado, o BC alega que a taxa no atual patamar é necessária para conter a inflação. Com isso, chegou a ser comentado em círculos do governo que o CMN poderia tornar a meta mais flexível.
A meta de inflação definida para este ano está em 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Lula defende um ajuste para cima, o que também foi defendido por economistas ligados ao mercado financeiro. Na avaliação de alguns deles, a meta atual foi acertada em meados de 2020, em meio à pandemia de Covid-19, em um cenário bastante diferente do atual, o que torna o indicador “inalcançável”.
Em relação ao regime de metas de inflação, adotado em 1999, cabe ao CMN a tarefa de revisar e determinar as metas futuras e seus intervalos de tolerância. O conselho pode definir até junho a meta para a inflação que vai vigorar três anos à frente. Por exemplo, até junho deste ano deve ser determinada a meta de 2026.
Porém, o colegiado também pode revisar as metas já fixadas anteriormente.
Sem discutir metas de inflação, reunião do CMN aprova balanço do BC, que registrou prejuízo de R$ 298,5 bilhões
Na reunião do CMN, foi aprovado o balanço do Banco Central, que registrou um prejuízo de R$ 298,5 bilhões em 2022. A explicação para o saldo negativo é a queda do dólar em relação ao real e a subida dos juros dos EUA. A propósito, sobre este assunto, dados econômicos divulgados recentemente mostram uma economia americana ainda aquecida, a despeito do ciclo de alta de juros operado pelo Fed (Federal Reserve) para controlar a inflação.
O BC tem US$ 325 bilhões de dólares na carteira, segundo Ailton de Aquino Santos, chefe do Departamento de Contabilidade, Orçamento e Execução Financeira do BC. “O que explica o resultado negativo do Banco Central é a correção cambial” […] outro ponto é a variação da carteira, dado que a carteira do Banco Central é em dólar, basicamente dólar e outras moedas, teve uma mudança forte na taxa de juros americano”, afirmou o técnico, segundo reportagem do portal G1.
Do prejuízo total, R$ 36,6 bilhões serão cobertos pelo Tesouro Nacional, enquanto o restante será coberto pela reserva de resultado e pela redução de patrimônio do próprio BC. O último resultado negativo apurado pelo BC foi referente ao segundo semestre de 2020, quando alcançou R$ 33,6 bilhões.
Até 2020, o balanço do BC era apurado semestralmente. Mas, a partir de 2021, a avaliação passou a ser anual.
O resultado precisa ser aprovado pelo CMN após avaliação de auditores independentes.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do portal G1