Em meio a uma inflação que bateu na casa dos 254,2% ao ano em janeiro, o presidente de ulradireita da Argentina, Javier Milei, anunciou reajuste de 30% no salário mínimo, percentual que será distribuído entre fevereiro e março. A medida foi anunciada pelo porta-voz do governo, Manuel Adorni, ontem (20).
“Não foi possível que as partes chegassem a um acordo na discussão sobre o salário mínimo”, disse Manuel Adorni, porta-voz do governo, em referência à falta de entendimento, na última quinta-feira (15), durante reunião do Conselho do Salário Mínimo — composto pelo governo, pelas câmaras empresariais e pelos sindicatos, que pediam um aumento de 85%.
Em fevereiro, o salário passará dos atuais 156 mil para 180 mil pesos (ou cerca de R$ 1.007 pela cotação oficial), ou cerca de 15% de reajuste. A partir de março, o complemento do ajuste levará o mínimo para 202,8 mil pesos (cerca de R$ 1.136 pela cotação oficial).
O ministro da Economia, Luis Caputo, havia adiantado na segunda-feira passada (19), em uma entrevista televisiva, que o governo iria fixar um aumento do salário mínimo.
A CGT (Confederação Geral do Trabalho), a maior central sindical da Argentina e de orientação opositora, acusou o governo de Javier Milei de fazer fracassar o Conselho do Salário, “rompendo uma longa tradição de diálogo social tripartite”.
Isso porque, como explicou o porta-voz, a falta de consenso levou o governo a “arbitrar entre as partes e fixar um salário mínimo”, algo que o presidente Javier Milei havia inicialmente rejeitado.
Milei respondeu às críticas da CGT: “Não acredito que um político possa definir um preço à mão. Nem passa pela minha cabeça. Eu vou emitir um decreto fixando um preço?”, questionou.
Desde o último ajuste salarial em dezembro, a inflação argentina foi de 25,5% naquele mês e de 20,6% em janeiro, totalizando uma inflação interanual de 254%.
Reajuste ocorre em meio à escalada das tensões sociais na Argentina
O reajuste anunciado pelo porta-voz do governo de Javier Milei ocorre em um momento em que escala as tensões sociais no país vizinho ao país e ao crescimento da pobreza.
O número de pobres no país atingiu 57% em janeiro, o maior percentual em 20 anos. Já o número de indigentes subiu 15% no mesmo período. As projeções são do Observatório da Dívida Social da UCA (Universidade Católica Argentina) e costumam estar um pouco acima dos números oficiais do Indec, o equivalente argentino ao IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os números oficiais sociais da Argentina só serão divulgados no fim de março.
Nesta quarta-feira (21), manchete do jornal El Clarín anunciava o início de uma greve mobilizada pelo sindicato ferroviário. Já a federação dos trabalhadores da Saúde convocou mais uma paralisação para a quinta-feira (22).
Outros quatro sindicatos de professores anunciaram medidas semelhantes para o início das aulas, entre a próxima semana e a seguinte.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do g1