O ministro da Economia, Paulo Guedes, minimizou as críticas à política ambiental do Brasil que teriam sido feitas por membros do governo da França e usou uma expressão de baixo calão para cobrar melhor tratamento dos europeus. “Vocês [França] estão ficando irrelevantes para nós. É melhor vocês nos tratarem bem, senão nós vamos ligar o foda-se para vocês e vamos embora para outro lado. Porque vocês estão ficando irrelevantes”, disse o ministro durante seu discurso na cerimônia de abertura do 34º Congresso Nacional Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), na noite desta terça-feira (9)
O ministro da economia, Paulo Guedes, relatava o diálogo com “um ministro da França”, sem citar nomes, durante uma reunião da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), uma espécie de clube de países ricos do qual o Brasil deseja fazer parte.
De modo grosseiro, o ministro da economia continuou: “Uma vez tinha um ministro da França lá, [que disse] ‘você [governo brasileiro] está queimando a floresta’. Eu falei ‘e você está queimando Notre-Dame'”, em referência ao incêndio na catedral histórica localizada em Paris, ocorrido em 2019.
“Acusação idiota, pô. Você [França] não está queimando Notre-Dame, mas é um quarteirão e você não conseguiu impedir, pegou fogo. Agora nós temos uma área que é maior que a Europa e vocês ficam criticando a gente”, relatou o ministro, rememorando o diálogo com os europeus.
Reportagem publicada na Folha de S. Paulo menciona ainda que o ministro da economia, Paulo Guedes, disse ter citado as relações de comércio entre os países. Segundo o ministro, o comércio do Brasil com a França ficava em torno de US$ 2 bilhões no início dos anos 2000, patamar semelhante ao mantido com a China à época.
Anos depois, o comércio com a França movimenta US$ 7 bilhões, enquanto as trocas com a China saltaram a US$ 120 bilhões. Foi nesse contexto que ele proferiu a declaração de que os franceses estão ficando “irrelevantes” e deveriam tratar melhor o Brasil, sob pena de o país “ligar o foda-se”.
“Acusação idiota, pô”, disse ministro da Economia sobre críticas ao desmatamento no Brasil
O governo Jair Bolsonaro (PL) tem sido criticado, desde o início de sua gestão, pelo aumento no desmatamento e nas queimadas. Neste ano, até julho, foram detectados 12.906 incêndios, um aumento de 13% em relação aos sete primeiros meses de 2021, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A própria OCDE incluiu nos documentos que formalizam o início das negociações para o ingresso do Brasil na entidade obrigações de redução de desmatamento e medidas de mitigação de mudanças climáticas previstas no acordo de Paris.
Recentemente, o jornal norte-americano The New York Times (NYT) elaborou reportagem de fôlego sobre o desmatamento na Amazônia e todas as implicações econômicas, ambientais e, também, a ameaça do garimpo ilegal aos povos originários daquela região. A reportagem, traduzida pelo jornal O Globo, também não poupa críticas ao governo de Jair Bolsonaro, a quem responsabiliza por todo o caos instalado na maior floresta tropical do mundo.
“Uma parte desta vegetação nativa já está degradada ou já foi desmatada e está em regeneração, qualificar a estado de degradação é um dos focos atuais do MapBiomas”, comenta Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas. Dos 27 estados da federação, 24 perderam vegetação nativa. Os campeões são Rondônia (-28%), Mato Grosso (-24%) e Maranhão (-16%).
Guedes, por sua vez, tem dito que a guerra na Ucrânia e a tentativa de diversos países de depender menos da Rússia para o fornecimento de gás abriu uma nova frente de possibilidades de negócio para o Brasil, país considerado uma potência em energias renováveis.
“O Brasil está muito bem posicionado, inclusive lá fora”, disse o ministro de Economia. Ele disse que vem dialogando constantemente com o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, sobre o tema. “Condenavam o Brasil, criticavam pela política ambiental, e ele entendeu o seguinte: olha, nos ajudem, em vez de ficar criticando”, afirmou.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias