Dieese: 89% das negociações salariais analisadas até 10 de agosto garantiram ganhos reais ao trabalhador

Das 9.829 negociações de reajustes salariais de 2023 analisadas até 10/08, 76,5% conseguiram resultados acima da inflação medida pelo INPC.
22 de agosto de 2023

As categorias com data-base em julho têm apresentado bons resultados nas negociações salariais deste ano, conforme dados divulgados pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). De 165 categorias analisadas até 10 de agosto, 89,1% conquistaram ganhos reais de salários e 10,3% obtiveram reajustes iguais à inflação dos últimos 12 meses.

Apenas uma negociação (0,6%) teve reajuste abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE), usado como parâmetro nas análises.

O quadro de julho é parecido com o observado nas duas datas-bases anteriores. Chama atenção o contraste com o desempenho de julho de 2022, quando o percentual de negociações com reajustes abaixo da inflação foi de 66,5%.

 

A variação real média, correspondente à média simples dos reajustes após desconto da inflação, continua em elevação. Em julho, foi equivalente a 1,95% acima do INPC.

Quanto ao reajuste necessário para a recomposição das perdas salariais dos 12 meses anteriores à data-base, nota-se ligeiro crescimento para a data-base agosto, em relação a julho. Apesar disso, agosto registra o segundo menor valor no período considerado.

A ocorrência de parcelamento dos reajustes segue em patamares baixos, observada em apenas uma negociação de julho (0,6% do total na data-base).

Já o escalonamento dos reajustes, fenômeno que corresponde ao pagamento de reajustes diferenciados segundo faixas salariais ou tamanho das empresas, ocorreu em 6,1% das negociações de julho, praticamente igual ao observado em julho de 2022. Em relação a 2023, é o menor percentual registrado até o momento.

76,5% de mais de 9,8 mil negociações salariais até 10 de agosto conseguiram reajustes acima da inflação medida peplo INPC

Das 9.829 negociações de reajustes salariais de 2023 analisadas até 10/08, 76,5% conseguiram resultados acima da inflação medida pelo INPC. Reajustes iguais a esse índice foram observados em 18% das negociações; e abaixo dele, em apenas 5,5% dos casos. A variação real média dos resultados no ano, até julho, é de 0,75% acima do INPC.

Em 2023, as negociações da indústria tiveram aumentos reais em 82,6% dos casos e reajustes iguais ao INPC em 12,7%. Apenas 4,8% dos resultados do setor ficaram abaixo do índice inflacionário. Nos serviços, reajustes superiores à inflação chegaram à marca de 79,3%, enquanto 14,4% se igualaram ao INPC e 6,3% ficaram abaixo do índice. No comércio, o percentual de resultados superiores ao INPC é menor (53,5%). No entanto, cerca de 42% das negociações registraram reajustes equivalentes à inflação, o que revela que só 4,8% não conseguiram repor as perdas inflacionárias, de janeiro a julho de 2023.

Por região, ficaram acima da inflação 80% dos resultados do Sudeste, cerca de 75% dos reajustes conquistados no Norte, Centro-Oeste e Sul e em 67,4% das negociações no Nordeste. O percentual dos resultados abaixo no INPC variou entre 1,4%, observado no Sul, e 10,1%, no Nordeste.

Os reajustes salariais acima do INPC continuam mais frequentes nos acordos coletivos (79,1% dos casos) do que nas convenções coletivas (71,8%). Por outro lado, resultados abaixo da inflação também são mais frequentes entre os acordos (5,8%) do que nas convenções (4,9%).

Os valores dos pisos salariais são apresentados, a seguir, em dois indicadores: 1) valor médio, equivalente à soma dos valores de todos os pisos, dividida pelo número de pisos observados; e 2) valor mediano, correspondente ao valor abaixo do qual está a metade dos pisos analisados. A vantagem da apresentação do valor mediano é que ele sofre menos a influência dos valores extremos da série, indicando melhor a distribuição dos pisos.

De janeiro a julho de 2023, o valor médio dos 9.767 pisos salariais analisados foi de R$ 1.610,94; e o valor mediano, R$ 1.500,00. Na comparação entre os setores, o maior valor médio foi observado nos serviços (R$ 1.638,59); e o menor, no setor rural (R$ 1.547,53). Quanto aos valores medianos, o maior foi registrado na indústria (R$ 1.523,06); e o menor, nos serviços (R$ 1.488,85).

No recorte geográfico, os maiores pisos salariais médios e medianos negociados de janeiro a julho de 2023 são os do Sul (respectivamente R$ 1.679,15 e R$ 1.638,00); e os menores, os da região Nordeste (respectivamente R$ 1.478,98 e R$ 1.360,00).

Fonte: Dieese.org.br

 

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