A Petrobras anunciou nesta sexta-feira (17) novo aumento do preço dos combustíveis.
Com o novo aumento do preço dos combustíveis, após 99 dias, a partir de amanhã (18/06), o preço médio de venda de gasolina da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro. O último ajuste ocorreu em 11/03.
Para o diesel, após 39 dias, a partir de 18/06, o preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro. O último ajuste ocorreu em 10/05.
No caso da gasolina, o reajuste foi de 5,18%, enquanto para o diesel atingiu 14,26%.
Dados da Associação Brasileira dos Importadores e Combustíveis (Abicom) mostravam que a defasagem chegou a 18% no diesel e de 14% na gasolina frente às cotações internacionais.
Mesmo com o novo aumento do preço dos combustíveis, as ações da companhia caem na abertura do pregão desta sexta-feira, assim como o Ibovespa, por conta das perdas dos mercados internacionais da véspera, quando a B3 esteve fechada. Às 10h53, as ações ONs recuavam 4,12%, cotadas a R$ 30,91; e as PNs caiam 3,51%, a R$ 28,05.
Ontem, em reunião, o conselho da Petrobras havia autorizado os dirigentes da estatal a aplicarem novo aumento do preço dos combustíveis, por conta da defasagem em relação ao preços no mercado internacional. A iniciativa causou reação do Congresso e do Governo, com o presidente Jair Bolsonaro afirmando que poderia “mergulhar o Brasil num caos“.
Valor de venda é apenas uma parcela do preço que chega ao consumidor
A Petrobras reforça que os preços de venda da estatal para as distribuidoras, tendo como referência os preços de mercado, são apenas uma parcela dos preços que chegam ao consumidor final.
“Para formação do preço na bomba ainda são adicionadas parcelas da mistura obrigatória de etanol anidro e biodiesel à gasolina A e ao diesel A produzidos nas refinarias, custos e margens de distribuição e revenda, e tributos federais e estaduais. No caso do diesel, atualmente, a tributação limita-se ao ICMS, imposto estadual, uma vez que os tributos federais PIS/Pasep e Cofins tiveram suas alíquotas zeradas a partir de 11/03 até 31/12/2022”, afirmou a petroleira.
Por fim, “a Petrobras reitera seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato para os preços internos da volatilidade das cotações internacionais e da taxa de câmbio, ou seja, evita o repasse das variações temporárias que podem ser revertidas no curto prazo”.
Governo pressionou Petrobras contra novo aumento do preço dos combustíveis
Nos últimos dias, o governo se reuniu duas vezes com a diretoria da Petrobras para tentar evitar novo aumento do preço dos combustíveis. De acordo com os planos de Bolsonaro, os preços precisariam se manter congelados até que o teto do ICMS surta efeito para os consumidores, o que, segundo analistas, pode não acontecer nunca.
Por outro lado, o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, está sendo pressionado a renunciar ao cargo para apressar a troca pelo indicado de Bolsonaro, o secretário de Desburocratização do Ministério da Economia, Caio Paes de Andrade. Com a renúncia, Paes não teria de esperar a realização de uma assembleia de acionistas, mas Coelho já afirmou que não vai renunciar.
A decisão do novo aumento do preço dos combustíveis é tomada pelo presidente da empresa, pelo diretor de Comercialização (Claudio Mastella), e pelo diretor Financeiro e de Relações com os Investidores (Rodrigo Araújo). Segundo fontes, os dois também serão demitidos após Paes de Andrade tomar posse.
Congresso deve discutir preço dos combustíveis na segunda (20)
Enquanto isso, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou nesta quinta-feira (16) que vai convocar para a próxima segunda-feira (20) uma reunião de líderes para discutir novo aumento do preço dos combustíveis da Petrobras.
Lira elevou o tom contra a Petrobras no Twitter e chamou a companhia de “país independente” que age contra os interesses do povo brasileiro.
“A República Federativa da Petrobras, um país independente e em declarado estado de guerra em relação ao Brasil e ao povo brasileiro, parece ter anunciado o bombardeio de um novo aumento nos combustíveis”, escreveu o presidente da Câmara, na rede social, em referência a então possível aumento no preço dos combustíveis.
Ontem (16) em transmissão ao vivo nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro disse que esperava que a Petrobras não aumentasse o preço dos combustíveis. “Eu só posso entender que um reajuste da Petrobras agora seria um interesse político para atingir o governo federal”, disse o chefe do Executivo.
Bolsonaro só não contou para quem assistia à live que a política de preços adotada pela Petrobras durante o governo Temer e mantida por ele prevê reajustes atrelados ao mercado internacional.
Para a FUP (Federação Única dos Petroleiros), o foco da gestão da Petrobras no atual governo é a geração de caixa, resultante da venda dos combustíveis a valores de PPI (Preço de Paridade de Importação), altos lucros e dividendos para acionistas, numa política de transferência de riqueza dos mais pobres para os mais ricos, “um verdadeiro Robin Hood às avessas”, compara, ressaltando que com o novo aumento do preço dos combustíveis impacta a inflação e a população de baixa renda fica em uma situação ainda pior. “Na ponta mais frágil dessa equação está o trabalhador brasileiro que há três anos não tem reajuste real do salário-mínimo, sendo vítima do processo de empobrecimento acelerado”, afirma Deyvid Bacelar, coordenador da FUP.
Redação ICL Economia
Com informações do Estadão e da Infomoney