Oscilações nas ações da Petrobras são reflexo da falta de política para os combustíveis

A inconsistência no discurso de Bolsonaro é grande agravante para a volatilidade no valor das ações da empresa
22 de março de 2022

As ações da Petrobras tiveram alta em ganho de 3,76% (PETR4) e 3,35% (PETR3) nesta segunda-feira (21). No entanto, na análise por um período maior, a petroleira brasileira caiu 11% entre 23 de fevereiro e 15 de março, conforme levantamento da Economatica. O estudo considera o preço das ações em dólar e faz também o ajuste dos proventos pagos no período, caso dos dividendos, considerados reinvestimentos para o cálculo. Isso significa que o porcentual se trata do retorno total dos papéis nesse período.

Essas oscilações no valor das ações da Petrobras são causadas, principalmente, pelo risco que o mercado vê em possíveis interferências do governo federal nos preços dos combustíveis praticados pela estatal.

A inconsistência no discurso de Bolsonaro é grande agravante para a volatilidade. Entre idas e vindas, o presidente, por exemplo, voltou a rechaçar nesta segunda (21) a possibilidade de interferência na Petrobras (PETR3;PETR4). Foi após essa fala que as ações passaram a registrar ganhos na B3.

O notíciário de Economia também especula que empresas do setor de petróleo agem nos bastidores da Câmara dos Deputados para barrar a votação do projeto que cria diretrizes de preços para o diesel, a gasolina e o gás liquefeito de petróleo, alegando que os parlamentares deixaram brechas no texto que forçam a mudança na política de preços da Petrobras, alvo de críticas de lideranças do Congresso, da oposição e do próprio presidente Jair Bolsonaro.

Para as empresas, o texto aprovado no Senado há alguns dias é confuso, fragiliza a política de liberdade de preços e contém zonas cinzentas ao determinar que os preços internos praticados por produtores e importadores devem ter como referência as cotações médias do mercado internacional, os custos internos de produção e os custos de importação “conforme aplicáveis”.

Para combater o ruído, a Petrobras tem vindo a público defender a paridade de preços com a cotação internacional.

Em meio a toda essa discussão, os preços dos combustíveis continuam em alta e deixa-se de lado o que parece ser o mais importante, ou seja, a responsabilidade do presidente Bolsonaro em definir uma política econômica que não penalize a população, principalmente os mais vulneráveis, e da própria Petrobras que, como estatal, tem um papel social, e não apenas a função de distribuir altos dividendos aos acionistas.

Redação ICL Economia
Com informações da Agências

 

 

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