O mercado financeiro, no início avesso à figura do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, agora aprova o seu trabalho. Nova etapa da pesquisa Genial/Quaest mostra que subiu de 43% para 50% a avaliação positiva do trabalho de Haddad entre os agentes desse ente chamado mercado. Os dados comparam a pesquisa feita em novembro do ano passado com a de agora. Isso mostra reversão da tendência negativa que vinha desde setembro de 2023.
Por outro lado, a avaliação do governo Lula piorou. Hoje, 64% fazem uma análise negativa do governo, ante 52% em novembro. Nesta pesquisa, 30% avaliam como regular e só 6% têm visão positiva.
A pesquisa Genial/Quaest fez 101 entrevistas com pessoas ligadas a fundos de investimento com sede no Rio e São Paulo entre os dias 14 e 19 de março. O público-alvo são gestores, economistas, analistas, tomadores de decisão do mercado financeiro.
Na pesquisa geral da Genial/Quaest, divulgada em 6 de março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve seu governo aprovado por 51% dos entrevistados.
A aprovação do trabalho do governo Lula 3 caiu de 54% para 51% em dois meses, mostrando quadro estável em relação aos levantamentos anteriores. A desaprovação, no entanto, vem subindo desde abril do ano passado, puxada, principalmente, como mostra a última consulta, por um grupo específico de evangélicos, apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O economista e fundador do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), Eduardo Moreira, esmiuçou o resultado da pesquisa geral na edição do dia 6 de março do ICL Notícias 1ª edição, programa diário transmitido pelo canal do instituto no YouTube. Na explicação, ele detalha bem o que está por detrás do resultado geral da pesquisa (saiba mais clicando aqui).
Voltando à etapa da pesquisa com o mercado financeiro, a razão para a avaliação negativa do governo aparece claramente em uma lâmina do levantamento que trata da decisão da Petrobras de não pagar dividendos extraordinários aos acionistas minoritários. Para 97% dos agentes entrevistados, foi uma decisão errada. O presidente Lula teve um papel fundamental na decisão do Conselho de Administração da Petrobras de não efetuar o pagamento de dividendos extraordinários.
A determinação de não conceder dividendos extraordinários foi resultado de uma reunião entre o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, onde Lula também participou ativamente.
O objetivo por trás dessa decisão é direcionar os recursos que seriam destinados aos acionistas para investimentos de longo prazo na própria empresa. Mas, depois da barulheira provocada pelo mercado, ficou estabelecido que a questão será discutida de modo mais aprofundado e decidida em assembleia que acontecerá em abril.
Apesar de a maioria ter achado que o governo errou em não pagar os dividendos, 52% avaliam que eles serão pagos “em algum momento” até o final do ano, enquanto 29% consideram que esses recursos retidos serão aplicados em investimento e 19% acham que ficarão como recursos de capital.
Pesquisa Genial/Quaest avalia Haddad mais forte do que no começo da gestão
Perguntados se Haddad está mais forte do que no começo do mandato, 51% dos representantes do mercado financeiro acham que sim, 35% dizem que permanece igual e 14% o veem mais fraco.
Também subiu de 44% para 51% os que avaliam que o governo está preocupado com o controle da inflação.
Outros 46% acreditam que a inflação será menor do que em 2023; 36%, que ficará igual; e 19%, que ficará mais alta ante o ano passado.
Ainda segundo a pesquisa, 73% vão manter a aposta em mais queda da taxa de juros e 27% projetam que o Banco Central vai diminuir o ritmo de reduções, embora todos acreditem que a taxa Selic continuará caindo.
Mas há pessimismo também. Quase a totalidade dos entrevistados (99%) acha que o governo não cumprirá a meta de zerar o déficit fiscal (equilíbrio entre receitas e despesas) este ano. E 71% consideram que a política econômica está errada. Porém, caiu de 55% para 32% os que dizem que sua expectativa é de que a economia piore nos próximos doze meses.
Para metade dos entrevistados, o maior risco do governo Lula é de intervencionismo, sendo que 89% acham que, se o governo interferir na Vale, o impacto será de diminuir os investimentos estrangeiros no Brasil.
53% consideram Lula favorito para vencer em 2026 e 43%, que Bolsonaro será preso
O levantamento também perguntou a opinião do mercado financeiro sobre as eleições de 2026. Para 86%, Lula será candidato à reeleição. E 53% acreditam que o atual presidente é o favorito para vencer em 2026.
Sobre o ex-presidente Bolsonaro, 43% acreditam que ele será preso e 53% acham que não será. Caso seja preso, 84% consideram que isto tende a ser mais benéfico para a oposição de 2026 e 16% afirmam que será bom para o governo.
Redação ICL Economia
Com informações de O Globo e Brasil 247