Petrobras quer transferir da diretoria executiva para o colegiado decisão sobre reajustes nos preços dos combustíveis

Há quem classifique como "jogada eleitoral" a proposta de uma nova regra para a política de preços
27 de julho de 2022

O Conselho de Administração da Petrobras se reúne, nesta quarta-feira (27), para discutir proposta prevendo que, a partir de agora, seria o próprio Conselho de Administração da companhia o responsável por estabelecer a política de preços dos combustíveis e não mais a diretoria executiva. Com isso, a diretoria executiva da estatal passaria apenas a executar as decisões. Essa é uma forma também de tirar do foco a figura do presidente da companhia, que tem sido alvo de constantes ataques do presidente Jair Bolsonaro.

Atualmente, quem decide sobre reajustes dos combustíveis na Petrobras é o presidente da estatal, o diretor financeiro e o diretor de logística. Os três decidem, com base na cotação do dólar e do petróleo, e informam ao Conselho de Administração.

Na pauta da reunião também está a polêmica envolvendo a atual política de preços dos combustíveis praticada pela estatal, que alinha os valores cobrados pelas refinarias às variações da cotação internacional do petróleo e do câmbio.

Segundo uma fonte ouvida pelo jornal O Globo, a proposta de uma nova regra para a política de preços está sendo tratada como “uma mudança estrutural para a companhia”. Mas há quem classifique como “jogada eleitoral”.

Outra fonte lembrou que a mudança faz parte do projeto do governo de baixar ainda mais os preços dos combustíveis às vésperas da eleição. No último dia 19 de julho, a estatal anunciou redução de 4,9% no preço da gasolina nas refinarias.

Bolsonaro tem atacado sistematicamente presidente da Petrobras por preços de combustíveis

Sistematicamente, o governo Bolsonaro vem pressionando a Petrobras para reduzir o preço do diesel nas refinarias, mas a direção da empresa resiste, sob alegação de que ainda não há espaço para isso. Há meses, Bolsonaro vem pressionando a companhia para reduzir os preços, tendo classificado os lucros da companhia de “estupro”. No entanto, recentemente o governo pediu às estatais, incluindo a petroleira, para que antecipem o pagamento de dividendos à União para que consigam cobrir o aumento de gastos originado com a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) Eleitoral.

No entanto, apesar da pressão, o presidente Jair Bolsonaro tem evitado promover alterações na atual política de preços da companhia, baseada no Preço de Paridade de Importação (PPI), que reflete diretamente no aumento da inflação e faz com que a petroleira registre lucros exorbitantes às custas dos consumidores brasileiros.

Falando em lucro, amanhã (28), conforme noticiado pela coluna de Lauro Jardim, em O Globo, a Petrobras vai anunciar o seu balanço do segundo trimestre, que deve trazer números robustos, com lucro bastante próximo do registrado no primeiro trimestre, de R$ 44,5 bilhões.

Voltando a Bolsonaro, em ano eleitoral e em busca de sua reeleição, o presidente distorce fatos e tenta se fazer de vítima como se não tivesse poder de interferir na política de preços, mesmo sendo acionista majoritário da Petrobras e ter indicado sua diretoria.

Como maior acionista e ao manter a política de preços dolarizada, o governo federal está entre os maiores beneficiários dos resultados financeiros da petroleira. A Petrobras já injetou nos cofres federais R$ 447 bilhões de 2019, início do governo Bolsonaro, a março deste ano, conforme dados dos relatórios fiscais da companhia.

Redação ICL
Com informações das agências

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