PGR pede ao STF para ex-presidente da Petrobras depor sobre suposta interferência de Bolsonaro na estatal

Celular corporativo do ex-presidente da Petrobras, devolvido para a empresa, continha mensagens e áudios que poderiam incriminar o presidente Jair Bolsonaro. Castello Branco não menciona os crimes
5 de julho de 2022

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu, na segunda-feira (4), ao Supremo Tribunal Federal (STF), para que o ex-presidente da Petrobras Roberto Castello Branco preste depoimento para esclarecer sobre uma possível interferência do presidente Jair Bolsonaro na estatal. Há a intenção de que o ex-presidente do Banco do Brasil (BB) Rubem Novaes também seja ouvido.

A manifestação da PGR, assinada pela vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, foi originada por um pedido apresentado ao Supremo pelo líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP). 

Durante troca de mensagens no celular, em um grupo privado no WhatsApp, o ex-presidente da Petrobras Castello Branco teria revelado ter mensagens e áudios que provam a interferência de Bolsonaro na Petrobras ao ex-presidente do Banco do Brasil. O aparelho foi devolvido à companhia após o ex-presidente da Petrobras ter deixado o comando da estatal, no início do ano passado. Na conversa, ele não detalha quais seriam os crimes que Bolsonaro teria cometido.

No parecer, Lindôra também defendeu que seja ouvido o ex-presidente do BB. Porém, ela disse que é preciso aprofundar o caso antes de decidir se há elementos para uma investigação.

Segundo Lindôra, “os elementos apresentados até o presente momento não comportam convicção ministerial suficiente para a instauração da investigação pleiteada. Todavia, o diálogo mantido e de teor não negado pelos interlocutores suscita maiores esclarecimentos que podem nortear providências investigativas não açodadas ou temerárias”, escreveu.

Pedido ao STF ainda inclui busca e apreensão do telefone celular do ex-presidente da Petrobras

corte no icms, ex-presidente da Petrobras

Crédito: Agência Brasil / Fábio Rodrigues Pozzebom


No pedido ao STF, Randolfe pede, além da abertura do inquérito contra Bolsonaro, por parte da Procuradoria-Geral da República (PGR), que o ex-presidente da Petrobras Castello Branco preste depoimento sobre o caso e que o celular citado seja apreendido para ser periciado. O senador pede também que as mensagens que eventualmente forem encontradas sejam divulgadas.

“Solicitamos a Vossa Excelência que se oficie ao Procurador-Geral da República para analisar a abertura de inquérito investigativo em face do Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, para que esclareçam os fatos e os eventuais crimes cometidos por ele contra o erário público, com a tomada urgente de depoimento do Sr. Roberto Castello Branco, ex-presidente da Petrobras, e de Rubem Novaes, ex-presidente do Banco do Brasil, bem como a tomada das medidas acautelatórias indispensáveis aos esclarecimentos dos fatos, tais como a busca e apreensão do telefone celular indicado, a sua perícia e a imediata publicidade sobre os conteúdos que digam respeito ao caso, que contempla manifesto interesse público subjacente”, disse no documento.

O ex-presidente da Petrobras Castello Branco e Rubens Novaes ocuparam os cargos na Petrobras e no BB, respectivamente, no início do governo Bolsonaro. O diálogo ocorreu devido a uma reclamação de Novaes em relação a críticas que Castello Branco estaria fazendo contra Bolsonaro.

Cobrado por Novaes no grupo fechado de mensagens, Castello Branco rebateu, dizendo: “Se eu quisesse atacar o Bolsonaro, não foi e não é por falta de oportunidade. Toda vez que ele produz uma crise, com perdas de bilhões de dólares para seus acionistas (Petrobras), sou insistentemente convidado pela mídia para dar minha opinião. Não aceito 90% deles (convites) e, quando falo, procuro evitar ataques”. Em seguida, afirmou: “No meu celular corporativo tinha mensagens e áudios que podem incriminá-lo. Fiz questão de devolver intacto para a Petrobras”.

Castello Branco foi demitido da Petrobras diante das insatisfações de Bolsonaro com a política de preços da empresa. O mesmo motivo levou Bolsonaro a demitir os ex-presidentes da estatal Joaquim Silva e Luna e, por último, José Mauro Ferreira Coelho. Agora, Caio Paes de Andrade ocupa a presidência da estatal.

Redação ICL Economia
Com informações das Agências de Notícias

Continue lendo

Assine nossa newsletter
Receba gratuitamente os principais destaques e indicadores da economia e do mercado financeiro.