Preço da gasolina cai 3,9% nas refinarias a partir de sexta (29), na segunda baixa pré-eleições

Corte de R$ 0,15 no litro do combustível vendido das refinarias às distribuidoras passa a valer nesta sexta-feira (29)
28 de julho de 2022

A Petrobras anunciou nesta quinta-feira (28) novo corte no preço da gasolina, de 3,9%. A partir desta sexta (29), o litro de gasolina vendido pelas refinarias da estatal custará, em média, R$ 3,71, uma redução de R$ 0,15. O corte anterior, anunciado no dia 19, havia sido de 4,9%. É a segunda redução de preços na gestão Caio Paes de Andrade, que assumiu a empresa no fim de junho, e a primeira ocorrida logo após a estatal anunciar nova diretriz na política de preços

A companhia estima que o repasse do novo corte às bombas seja de R$ 0,11 por litro, já que o produto final recebe 73% de gasolina e 27% de etanol. “Essa redução acompanha a evolução dos preços de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para a gasolina”, disse a empresa, em comunicado. “E é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio”, completa.

Com os dois cortes, o preço da gasolina nas refinarias da estatal acumula queda de 8,6% desde o início da gestão de Paes de Andrade, que assumiu a empresa com a missão de evitar novos aumentos durante o período eleitoral. Aliás, Paes de Andrade, que é aliado do ministro da Economia, Paulo Guedes, assumiu a estatal devido às constantes reclamações do presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição presidencial, a respeito da política de preços, pois a alta dos combustíveis impacta a inflação e muda o humor do eleitorado. Desde que Andrade assumiu, Bolsonaro esfriou o ânimo nos ataques.

Queda do preço da gasolina deve-se à perspectiva de desaceleração global, com o preço do barril do petróleo em queda

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Crédito: Envato

No entanto, embora o governo carregue nas tintas tentando puxar para si os méritos da queda no preço dos combustíveis, o trabalho da gestão Paes de Andrade tem sido facilitado pela redução nas cotações internacionais do petróleo diante de temores de recessão mundial, dando respaldo aos cortes no preço da gasolina.

O conturbado cenário mundial, com a guerra da Rússia contra a Ucrânia e as incertezas em relação à economia chinesa, que devem levar a uma desaceleração global no segundo semestre, fizeram com que o preço do petróleo reduzisse consideravelmente.

No começo do ano, o preço do barril de petróleo estava cotado em cerca de US$ 70 dólares, mas, depois de iniciado o conflito entre Ucrânia e Rússia, em fevereiro, chegou a valer US$ 125 em março. Atualmente, está em cerca de US$ 100, valor ainda bastante alto historicamente.

No Brasil, o governo instituiu a desoneração do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para forçar a queda no preço da gasolina, muito importante para o eleitor que circula de carro. E, embora de fato o valor do combustível esteja caindo, os economistas do ICL Débora Magagna e André Campedelli avaliam que a história não é bem assim. “Os acontecimentos internacionais são os verdadeiros responsáveis pela baixa dos combustíveis e não as mudanças realizadas pelo governo Bolsonaro para baixar, apenas no curto prazo, os preços tanto do diesel quanto da gasolina”, afirmam.

Na mesma linha, o diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), Pedro Rodrigues, diz que o preço do petróleo se estabilizou em patamares mais baixos diante do risco de recessão, e que há excesso de oferta de gasolina hoje. “Tem gasolina pra caramba no mercado internacional e isso fez o preço cair muito.”

Ontem (27), a Petrobras anunciou nova diretriz para formação da política de preços, a qual, na prática, não muda o que já ocorre atualmente, pois a empresa reafirmou que manterá o PPI (Preço de Paridade de Importação (PPI), criado no governo de Michel Temer, como parâmetro.

Segundo estimativa da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), o preço médio da gasolina nas refinarias brasileiras estava R$ 0,07 por litro acima das cotações internacionais na abertura do mercado desta quinta. O mercado, porém, tem apresentado grande volatilidade: na terça (26), as refinarias brasileiras vendiam o produto com defasagem de R$ 0,07 por litro em relação à paridade de importação.

Após o reajuste, analistas avaliam que a Petrobras ficaria com uma defasagem de 19% em relação à sua estimativa de paridade de importação.

Já o diesel não terá seu preço alterado pela Petrobras e está R$ 0,10 por litro mais caro nas refinarias brasileiras, segundo dados da Abicom.

Rodrigues, do CBIE, explica que o preço do diesel segue alto no mundo diante do aumento dos estoques em países europeus, que têm no combustível uma alternativa ao gás russo para a geração de energia elétrica.


Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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