A reforma tributária e os investimentos podem fazer com que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresça entre 3% e 3,4% este ano sem pressões inflacionárias, segundo o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello.
“Estes fatores somados podem elevar nosso PIB potencial, dos atuais 2,5%, para algo entre 3% e 3,5%”, disse o secretário em entrevista concedida à CNN, ontem (10), na sede do Ministério da Fazenda em São Paulo.
Após o avanço de 1,4% do PIB no segundo trimestre do ano, a própria Fazenda, assim como o FMI (Fundo Monetário Internacional), revisaram para cima a estimativa do PIB potencial do Brasil.
Pelos cálculos de Mello, somente os impactos da reforma tributária, a depender de detalhes de implementação, podem elevar o PIB potencial em 0,5 ponto percentual.
Estudos preveem que a economia brasileira terá crescimento adicional mínimo de 12% no médio prazo em consequência da reforma — e esta mudança no potencial colaboraria para um avanço saudável.
Por sua vez, a recuperação dos investimentos também deve ajudar nessa conta. Somente a indústria já anunciou investimentos da ordem de R$ 580 bilhões.
Mello também avalia que o avanço nas exportações de petróleo pelo Brasil até 2030 também podem ajudar o país a crescer.
CNI revê projeção de crescimento do PIB para 3,4%
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) elevou em 1 ponto percentual a estimativa de crescimento do PIB este ano. O patamar projetado passou de 2,4% para 3,4% em 2024. Os dados foram divulgados ontem (leia a análise completa clicando aqui).
O superintendente de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, atribuiu o aumento ao desempenho da economia no primeiro semestre.
“A CNI aumentou a previsão do PIB de 2024, principalmente, por causa do desempenho da economia no primeiro semestre, que foi muito positivo, acima das nossas expectativas. Além disso, os fatores que têm contribuído para o crescimento não devem desaparecer até o fim do ano e o segundo semestre vai ter como base de comparação o período mais fraco da atividade em 2023”, pontuou.
Entre as razões para o desempenho da economia, sobretudo para sustentar a demanda e o investimento, estão o aumento do consumo das famílias, consequência de um mercado de trabalho aquecido; a alta da massa salarial e a maior oferta de crédito; além dos gastos do governo. Apesar de prever menor intensidade, a Confederação acredita que esses fatores seguirão impulsionando a atividade na segunda metade de 2024.
Dados da última Pnad Contínua do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que a taxa de desocupação recuou para 6,6%, e a CNI projeta que o indicador deve permanecer no mesmo patamar. Já a massa de rendimentos tende a crescer 7,4%.
A entidade também prevê que todos os segmentos industriais devem crescer em 2024. Tanto que a CNI elevou o PIB da indústria de 2,3% para 3,2%.
A indústria de transformação deve avançar 2,8% em 2024, recuperando-se da queda de 1,3% no ano passado. A melhoria do segmento este ano se deve, sobretudo, à maior demanda por bens industriais.
A indústria da construção, por sua vez, deve crescer 3,7%, acima do PIB. A maior demanda e os lançamentos do Programa Minha Casa, Minha Vida ajudam a explicar a projeção positiva para o segmento, segundo a CNI.
O PIB da indústria extrativa deve crescer 3,1%, enquanto o segmento de eletricidade e gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos deve subir 3%.
A exemplo do que ocorreu no primeiro semestre, a atividade do setor de serviços tende a se manter elevada no segundo semestre. Deve registrar o maior crescimento entre os setores econômicos em 2024: alta de 3,5%, de acordo com a CNI.
No caso do PIB da Agropecuária, a CNI projeta queda de 3% em 2024 na comparação com o ano passado. Embora a produção animal tenha se expandido fortemente no primeiro semestre de 2024, o crescimento não compensa o impacto da queda da produção vegetal, afetada pelas adversidades climáticas relacionadas ao El Niño após um 2023 de desempenho muito positivo.
Selic
A confederação projeta que o impacto da Selic sobre o crédito deve ser mais sentido em 2025. Na avaliação da CNI, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central fará mais dois aumentos de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros da economia. Hoje em 10,75% ao ano, a Selic deve fechar o ano em 11,25%.
Mário Sérgio Telles avalia que os efeitos da alta da Selic devem ser percebidos efetivamente a partir do ano que vem.
“O crédito é um fator muito importante de crescimento esse ano. Infelizmente, teve início um novo ciclo de aumento da Selic, mas como esse aumento começou recentemente, não deve ser sentido totalmente em 2024. A elevação da Selic deve impactar negativamente o crédito, o consumo e o crescimento econômico em 2025. É o ponto de maior preocupação da CNI com relação ao cenário econômico”, aponta.
Mesmo em um contexto de política monetária mais restritiva, a CNI espera crescimento de 7,3% nas concessões totais de crédito este ano. Já os investimentos devem subir 5%, segundo a entidade.
Redação ICL Economia
Com informações da CNN e Agência de Notícias CNI