PIB dos Estados Unidos é revisado para baixo no quarto trimestre, mas taxa anual se mantém em 2,5%

Crescimento econômico foi revisto de 3,3% para 3,2% no período. Mas um tema que tem preocupado analistas é o rombo fiscal do país, que pode levá-lo a perder a única nota máxima que possui entre as três principais agências de rating.
29 de fevereiro de 2024

O PIB dos Estados Unidos foi revisado levemente para baixo no quarto trimestre de 2023, de 3,3% para 3,2%. Contudo, a taxa anual de crescimento da economia norte-americana foi mantida em 2,5%, informou na quarta-feira (28) o Departamento de Comércio dos EUA.

Ao que tudo indica, o Produto Interno Bruto cresceu em ritmo firme de outubro a dezembro, com os norte-americanos gastando mais. Por outro lado, a economia dá sinais de que está perdendo força neste começo de 2024.

Os dados divulgados ontem alteram os números anunciados em 25 de janeiro, algo que não era esperado pelos economistas consultados pela agência Reuters. A revisão refletiu um rebaixamento do investimento em estoques privados.

Comparativamente a 2022, os dados mostram avanço. Naquele ano, o crescimento econômico foi de 1,9%, e mostrou um movimento acima do que as autoridades do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) consideram como a taxa de crescimento não inflacionária, de 1,8%.

No último trimestre, a inflação foi bastante branda, embora tenha sido revisada ligeiramente para cima em relação às estimativas relatadas anteriormente. A economia cresceu a um ritmo de 4,9% no terceiro trimestre de 2023, entre julho e setembro.

A inflação anual dos Estados Unidos ficou em 3,4% em dezembro de 2023, ante 6,5% em 2022. A taxa teve uma alta de 0,3 ponto percentual em relação ao mês anterior, quando estava em 3,1% no acumulado de 12 meses. A meta de inflação que vem sendo perseguida pelo Fed é de 2%.

As pressões inflacionárias levaram a autoridade monetária a manter a taxa de juros do país em um intervalo de 5,25% a 5,50%, a mesma desde julho e a mais alta em 22 anos. O mercado tem esperado sinais de quando o Fed iniciará o ciclo de redução de cortes. As apostas são de que esse movimento deve começar em junho.

Os últimos dados reportados, porém, sinalizam que o ímpeto econômico diminuiu. As vendas no varejo, o início de construção de moradias, as encomendas de bens duráveis e a produção nas fábricas reduziram em janeiro.

O arrefecimento do motor econômico é atribuído, principalmente, às baixas temperaturas de janeiro e às dificuldades de ajustar os dados às flutuações sazonais no início do ano. Por ora, os economistas não estão prevendo uma recessão.

PIB dos Estados Unidos: país pode perder a única nota máxima de agência de rating

Os Estados Unidos podem perder a única nota máxima que ainda mantém nas três mais importantes agências de classificação de riscos.

Se confirmado um rebaixamento do rating americano, a maior economia do mundo perderia a classificação “AAA” entre as três principais agências de classificação. No ano passado, a Fitch Ratings rebaixou a classificação do país de “AAA” para “AA+”.

Atualmente, apenas a Moody’s – entre as três principais agências – mantém a classificação dos EUA como “AAA”. No entanto, em agosto do ano passado, a agência estabeleceu uma perspectiva “negativa” para o país. Já no S&P Global, a nota da economia americana é classificada também como “AA+”.

Isso porque, em 2023, o déficit fiscal norte-americano encerrou o ano próximo a 8% do PIB. E as perspectivas para os próximos cinco anos é de que o déficit orçamentário do país se mantenha em torno de 7%.

O FMI (Fundo Monetário Internacional) prevê que a dívida norte-americana continue crescendo até alcançar o equivalente a cerca de 140% do PIB em 2028, semelhante ao nível de dívida visto hoje na Itália, uma das economias mais frágeis da zona do euro. Em 2003, a dívida pública dos EUA equivalia a 60% do PIB.

Para efeito de comparação, a dívida pública do Brasil registrou alta de 2,7 pontos percentuais em 2023, atingindo 74,3% do PIB, o equivalente a R$ 8,07 trilhões.

Por sua vez, a dívida pública americana gira hoje em torno de 120% do PIB ou US$ 34 trilhões (R$ 167,2 trilhões).

Contudo, é importante ressaltar que a situação fiscal de países como os Estados Unidos não deve levar em conta apenas a magnitude do déficit, mas também os ativos e investimentos nos setores público e privado dessas nações, os quais podem muitas vezes ultrapassar suas dívidas.

No caso das economias emergentes, o custo e o tamanho da dívida costumam pesar mais para as contas públicas. Ainda assim, o panorama de piora da trajetória da saúde fiscal dos EUA tem chamado a atenção dos analistas.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e da CNN

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