Em resposta a Arthur Lira, líder do governo diz que planalto tem base de apoio no Senado para aprovar matérias importantes

Pelas contas de Jacques Wagner, governo conta com 50 senadores na base de apoio para aprovar medidas importantes, como a reforma tributária
8 de março de 2023

Rebatendo o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que afirmou que o presidente Lula não tem “base consistente” no Congresso, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse que o Executivo conta com ao menos 50 parlamentares em sua base de apoio para aprovar matérias importantes. “Essa é uma opinião dele, eu o respeito como presidente das Casa, mas na hora que a gente for votar uma matéria é que a gente vai conferir. A gente tem aqui no Senado uma coisa consolidada, não vejo problema aqui”, disse Wagner em entrevista ao jornal O Globo.

Desde que foi eleito, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sabia que enfrentaria problemas no Congresso eleito, de perfil muito mais conservador que o anterior. No Senado, foram eleitos muitos ex-integrantes do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como o ex-juiz Sérgio Moro (Justiça), Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Tereza Cristina (Agricultura).

Antes da posse dos novos parlamentares, Lula conseguiu avançar com a pauta da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição, que ampliou a margem do teto de gastos (regra fiscal que limita o aumento de gastos do governo à inflação passada), para incluir no Orçamento de 2023 promessas de campanha, como o Bolsa Família de R$ 600.

Agora, com o Congresso renovado e muito mais hostil ao governo petista, o desafio para fazer avançar pautas econômicas importantes, como a reforma tributária e o novo arcabouço fiscal, será muito maior.

Em evento recente realizado na ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Lira disse que o governo precisará de um tempo para se “estabilizar internamente”. “Porque hoje o governo ainda não tem uma base consistente, nem na Câmara nem no Senado, para enfrentar matérias de maioria simples, quanto mais matérias de quórum constitucional”, disse.

A declaração foi dada horas antes de o presidente Lula ter se reunido para pedir explicações ao ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), sobre ter usado um jato da Aeronáutica para viajar a São Paulo, onde participou de um leilão de cavalos. Mesmo com três ministérios, o União Brasil ainda não garantiu fidelidade a Lula, que tentou evitar a demissão de Juscelino e, assim, provocar ruptura da sigla com o governo.

Na avaliação de Jacques Wagner, apoio no Senado e na Câmara varia conforme a matéria a ser analisada

Político experiente, Jaques Wagner fez ao O Globo uma leitura de que não há “linearidade” no apoio ao governo e que a adesão oscila de acordo com a proposta analisada. “Na minha conta, são mais de 50 senadores na base. Mas o que estou falando é que tudo depende da matéria. Pode ter até alguém do PT, em determinada matéria, por uma questão de consciência, votar assim ou assado. É difícil. Essa linearidade não existe”, pontou.

Ao todo, o Senado possui 81 senadores. O governo conta com os votos das bancadas do PT, MDB, PSD, PDT, PSB e Rede. Já o União Brasil, partido que normalmente surfa na onda que lhe é favorável, tem adotado postura de independência.

Lembrando que a sigla tem nomes rivais de Lula, como Sergio Moro (PR), que faz oposição declarada ao presidente.

Mas a permanência de Juscelino nas Comunicações deve fazer com que o Planalto cobre mais empenho da bancada para aprovar os projetos de interesse do Executivo.

Na contabilidade de votos de apoio de Wagner, entram parlamentares do Republicanos e do PL, este último partido do ex-presidente Bolsonaro. “Acho que ninguém faz oposição racional. Reforma tributária, você pode ter opinião diferente, mas não é uma questão de dizer ‘sou contra, sou oposição’, eu acho que varia muito isso”, avaliou o líder do governo.

Redação ICL Economia
Com informações de O Globo

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