Uma entrevista do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, à agência Bloomberg agitou o mercado financeiro ontem (28). Ele defendeu que a petroleira deve ser mais cautelosa na distribuição de dividendos bilionários no momento em que busca se tornar uma potência em energia renovável, mobilizando mais recursos para investimentos.
“Precisamos ser cautelosos. Os acionistas vão entender”, disse o CEO, quando perguntado sobre um eventual pagamento extraordinário de dividendos. “Eu seria mais conservador do que agressivo. Estamos no meio dessa grande decisão de nos tornarmos uma empresa de petróleo em transição”, complementou.
Na entrevista, Prates disse ainda que a petroleira brasileira também precisa gastar muito em investimentos na exploração no país e no exterior para garantir que mantenha o nível de produção de petróleo bruto por décadas, indicando que prefere reduzir o pagamento de dividendos para ampliar investimentos.
Foi o que bastou para que as ações da empresa (PETR3; PETR4) caíssem, respectivamente, 5,39% e 5,16% ontem, contribuindo para a queda de 1,16% do Ibovespa, o principal indicador da bolsa brasileira, no qual a Petrobras é um dos principais peso-pesados.
Com a queda, a estatal perdeu cerca de R$ 30 bilhões de valor de mercado, passando de R$ 566 bilhões na antevéspera para R$ 536 bilhões no fechamento de quarta-feira.
Após repercussão negativa, Petrobras divulga comunicado sobre o assunto
Com o tombo da B3 depois da repercussão negativa da entrevista de Prates, a Petrobras divulgou comunicado, no início da noite de ontem, informando “que não há qualquer decisão tomada em relação à distribuição de dividendos ainda não declarados”.
“As decisões da Administração sobre dividendos, incluindo a proposta de destinação do resultado a ser submetida à aprovação da Assembleia Geral Ordinária marcada para 25/04/2024, serão tomadas com base na nova Política de Remuneração aos Acionistas da Companhia”, diz o texto.
O comunicado termina dizendo que o objetivo da política de distribuição de dividendos é garantir a “perenidade e sustentabilidade financeira de curto, médio e longo prazos” da empresa e “conferir previsibilidade ao fluxo de pagamentos da remuneração aos acionistas”.
A Petrobras foi a segunda maior pagadora de dividendos no setor de petróleo em 2022, atrás apenas da Saudi Aramco.
No entanto, o pagamento de quantias exorbitantes a acionistas sempre esteve no radar do governo Lula, que defende o papel social da Petrobras como geradora de emprego e renda nos municípios onde opera no país.
Em julho do ano passado, a companhia apresentou sua Nova Política de Remuneração a Acionistas, na qual reduziu de 60% para 45% de seu caixa livre (valor que sobra do caixa gerado com a operação depois de descontados os investimentos) os montantes trimestrais destinados a essa finalidade.
Apesar disso, analistas de mercado veem espaço para que a petroleira recompense os investidores com bilhões de dólares em dividendos extraordinários, a serem anunciados quando a empresa divulgar seus lucros em 7 de março.
Redação ICL Economia
Com informações de O Globo e InfoMoney