Pré-candidato a presidente Ciro Gomes foi entrevistado no ICL Notícias

Para Ciro, a causa principal da inflação no Brasil é “a criminosa indexação das tarifas públicas brasileiras ao dólar”
13 de maio de 2022

O pré-candidato a presidente do PDT, Ciro Gomes, foi o entrevistado do ICL Notícias nesta quinta-feira (12), onde falou de suas propostas. O tema central da conversa foi voltado ao cenário da economia no país, mas o presidenciável falou também que sua proposta é livrar o Brasil de Bolsonaro.

Ciro Gomes, respondendo ao economista do ICL, Eduardo Moreira, sobre a economia do país,  apresentou o cenário de que a “renda dos brasileiros está colapsada pelo desemprego, pela informalidade e pelo pior salário mínimo da história do Brasil. O crédito também está colapsado e 77,8% das famílias estão superendividadas, com mais de 65 milhões de brasileiros banidos do crediário. Então, não se tem nem demanda por renda, nem por crédito”.

Ao fazer essa afirmação, o pré-candidato questionou o porquê de a inflação estar tão alta no Brasil, se o que gera a elevação do índice é o desiquilíbrio entre demanda e oferta de produtos: “Agora no Brasil tem demanda demais e oferta de menos? Claro que não, porque a demanda é o resultado da renda que o povo tem no bolso, mais crédito que o povo tem na praça.”

Para Ciro, a causa principal da inflação no Brasil é “a criminosa indexação das tarifas públicas brasileiras ao dólar”, e é uma “mentira absoluta que teremos uma inflação enfrentada por taxa de juros”.

Causas da inflação

O desmantelamento da indústria nacional, com capacidade ociosa de 20% a 25%, os
preços dos combustíveis administrados pelo governo através da Petrobras e influência global foram as principais causas, apontadas por Ciro, para o crescimento da inflação. Segundo ele, grande para parte da solução passaria pela política adotada pela Petrobras.

“O Brasil é autossuficiente em petróleo. A Petrobras foi criada para proteger o Brasil do ciclos especulativos, de maneira que possamos ter um preço estável, calculado em real (…), mas o modelo econômico desastroso deu para o acionista minoritário a prevalência”, explicou.

Para pré-candidato a presidente, solução seria volta à antiga política de preços

Caso eleito, o pré-candidato a presidente Ciro Gomes diz que em seu primeiro dia no governo vai publicar uma convocação pelo controlador, a União, do conselho de administração da Petrobras para mudar a política de preços, voltando a cobrar seus custos em real. Assim, segundo ele, as ações dos acionistas privados vão cair de preço, e “o governo brasileiro entrará comprando tantas ações quanto em leilão reverso o acionista queira vender, até inteirarmos 60% do capital integral da Petrobras. Com isso vamos transformá-la na maior companhia de energia limpa do mundo, em 15 anos, e estaremos livres do combustível fóssil “.

Frente ampla pela democracia

Passando a abordar a política propriamente dita, Ciro Gomes disse que boa parte da pregação golpista vem da finalidade de distrair a população da “grande questão, que é a tragédia social e econômica do desemprego, da informalidade selvagem, dos juros implodindo a economia brasileira em um momento de grande depressão”.

No entanto, ele afirmou que “Bolsonaro já está frequentando as estruturas de inteligência internacional, portanto, não é nenhum tipo de paranoia imaginarmos que ele está tentando [o golpe]. Se ele conseguirá, é muito difícil [saber]”, afirmou.

Para fazer frente a isso, Ciro disse que fará uma convocatório a todos os democratas do país, não só os pré-candidatos, em defesa da democracia e para livrar o Brasil de Bolsonaro.

Questionado se Lula faria parte dessa “frente ampla” pela democracia, Ciro respondeu que coloca Lula como um democrata. Em outro questionamento, caso Ciro fosse para o segundo turno com Bolsonaro, se ele aceitaria o apoio de Lula, respondeu que sim, mas não deixou claro se, em outro cenário, caso fosse disputar com Lula, não aceitaria o apoio de Bolsonaro.

Mudança no modelo econômico

Eduardo Moreira também perguntou sobre como o pré-candidato a presidente, em seu governo, enfrentaria o sistema financeiro existente no Brasil, ao que respondeu que a mudança teria que passar pelo mudança do modelo econômico.

“No Brasil há um estado profundo, há um sistema que dá as cartas. O Brasil concentrou 85% das suas ações financeiras na mão de apenas cinco bancos. E desses cinco bancos, quatro estão na lista dos dez bancos mais rentáveis do mundo, tendo como plataforma o país em pandarecos. Isso tudo se explica por um modelo econômico que está montado desde muitos anos, mas tomou o aperfeiçoamento a partir do segundo mandato do FHC, para transferir renda de quem trabalha e produz para meia dúzia de abastados. E eles estão claramente invadindo outras esferas da vida, tanto que a política brasileira hoje é dominada por eles”.

Críticas ao Bolsonaro

O pré-candidato a presidente, durante e entrevista, fez duras críticas ao governo e ao próprio Bolsonaro, colocando em sua conta a responsabilidade pela alta carestia, pela explosão do crediário da população, pelo crime do Brasil de , apesar de ter 3% da população mundial, ter 11% das mortes por Covid-19, “graças ao comportamento incompetente genocida e da irresponsabilidade anticiência” de Bolsonaro.

Para assistir à entrevista na íntegra, clique aqui (partir de 01:01:35)

Redação ICL Economia

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