O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta segunda-feira (11), que o governo ainda tenta uma segunda redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), depois do corte de 25% feito em fevereiro. O governo avaliava um novo corte, para que a redução chegue a 33%, mas a decisão ainda não foi tomada.
Na semana passada, uma fonte ligado ao Executivo disse à agência Reuters que a intenção do governo é de que seja mantido apenas o corte de 25% no imposto feito em fevereiro e que está em vigor.
Entre idas e vindas, o fato é que a redução de fevereiro para os 25%, sendo de 18,5% no caso dos veículos, não chegou ao consumidor, como comprovam os indicadores de inflação. Foi mais uma medida isolada e ineficaz do governo federal na tentativa de diminuir os preços ao consumidor.
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial de inflação do governo, divulgado na última sexta-feira (8) mostra que bens duráveis que passaram a pagar menos IPI, como geladeira, máquina de lavar, fogão e carros, apenas desaceleraram os reajustes, mas continuaram subindo de preços nos dois últimos meses.
Os analistas dizem que são dois os motivos para os preços dos eletrodomésticos e veículos não terem caído mesmo com a redução da tributação. O primeiro é que outros itens continuam pressionando os custos. O segundo motivo é que parte virou margem de lucro na cadeia, entre a fábrica e a loja.
Ainda segundo os economistas, o IPI menor pode, no máximo, conter uma onda maior de reajustes de eletrodomésticos e veículos, mas não vai interromper o ciclo de reajustes de preços de matérias-primas que continua elevando custos da indústria. Desta forma, mesmo com a manutenção do corte do imposto por mais tempo não há perspectivas de redução de preços para o consumidor nos próximos meses, mesmo com a manutenção do corte do IPI por mais tempo.
Fausto Augusto Junior, diretor técnico do Dieese, afirmou em entrevista à Rádio Brasil Atual, que o debate sobre a redução do imposto é antigo no Brasil e deve ser feito como medida indutora de crescimento e não como política para segurar preços. “O que está colocado neste momento é o aumento da margem de lucro das empresas. Quando não se tem nenhuma política industrial, é muito difícil que essa desoneração resulte em algum benefício para a população. Essa redução da alíquota está sendo utilizada para recompor ganhos de empresas. Vale destacar que a desoneração do IPI significa, de alguma forma, menos recursos financeiros para estados e municípios”, explicou.
Segundo o IPCA, que registrou alta 1,01% em fevereiro e de 1,62% em março, as variações de preços de alguns bens de consumo duráveis, nos respectivos meses. foram:
. Refrigerador: +4,13% / +1,03%
. Máquina de lavar: +3,24% / +1,14%
. Fogão: +2,11% / +2,24%
. TV: +0,33% / -3,02%
. Automóvel novo: +1,68% / +0,47%
Os preços também acumulam alta nos últimos 12 meses (IPCA +11,30%):
. Refrigerador: +26,35%
. Máquina de lavar: +17,67%
. Fogão: +21,18%
. TV: +12,84%
. Automóvel novo: +18,24%
Redação ICL Economia
Com informações das agências