Real perdeu mais de 30% de seu poder de compra nos últimos 5 anos

Inflação afeta todos os brasileiros, mas tem reflexos ainda piores na população de mais baixa renda
4 de maio de 2022

Entre março de 2017 a março de 2022, o real já perdeu 31,32% de seu valor. Isso significa a perda do poder compra dos brasileiros, que, com o mesmo valor hoje, conseguem adquirir cerca de dois terços do que compravam cinco anos atrás.

Para piorar, a disparada dos preços continua sem que nenhuma política econômica assertiva para reverter a situação seja adotada pelo governo federal. O IPCA ( Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), registrou 10,6% em 2021 e, nos últimos 12 meses, até março deste ano, já chegou em 11,30%.

A inflação afeta todos os brasileiros, mas tem reflexos ainda piores na população de mais baixa renda. Exemplo disso é que, para as mais vulneráveis, o aumento dos preços dos alimentos e do gás de cozinha consome boa parte da renda. Dados do IPCA-15 ( Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) de março, em pelo menos 11 capitais, apenas os itens da cesta básica já equivaliam a mais de 50% do salário mínimo.

Outro dado comprova que quanto mais pobre mais a inflação de alimentos é percebida. Segundo estratificação do Datafolha (publicada em 19 de abril), 53% das casas brasileiras atravessam o mês com menos de dois salários mínimos (R$ 2.424). Nelas, 35% acusaram falta de alimentos.

Fabio Louzada, analista CNPI e CEO da escola Eu Me Banco, em entrevista ao G1, explica que o brasileiro parece “sentir mais” o peso da inflação porque vivemos “o pior cenário em termos de inflação versus reajuste de salários”, que teve poucos reajustes nos últimos tempos. “Nos outros anos, por mais que a inflação subisse, os salários também subiam, então afetava um pouco menos o poder de compra”, afirmou.

Outra economista ouvida pelo G1, Patrícia Campos, supervisora da área de preços do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), ressalta que o “aperto monetário” feito pelo Banco Central, com aumento da taxa de juros, não está sendo de fato efetivo para reduzir a inflação. “A política adotada é o aumento da taxa de juros, mas ela não trata a inflação na sua causa porque a economia brasileira está parada”, explica.

O aumento taxa de juros Selic tem sido, na prática, a única medida que o atual governo tem tomado para conter a inflação. Ainda hoje (4), há a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central Brasil deve anunciar aumento da Selic dos 11,75% para 12,75% ao ano.

O juro alto é outro fator que afeta o poder de compra, uma vez que os empréstimos também ficam mais caros. Pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), no final de abril, constata que mais de 60% da população teve que cortar gastos nos últimos seis meses, e mais de 30% teve que fazer cortes “grandes ou muito grandes” nas despesas.

Redação ICL Economia
Com informações do G1 e agências

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