Roberto Campos Neto diz estar ‘aberto’ à terceirização da gestão de ativos do BC; governistas reagem

“A gente está aberto a essa terceirização, vamos dizer assim, à gestão externa. A gente teve um programa grande de gestão terceirizada", disse o presidente do Banco Central, em entrevista ao canal da consultoria de investimentos Black Rock Brasil no YouTube.
21 de julho de 2023

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou ontem (20), em entrevista ao canal no YouTube da consultoria de investimentos Black Rock Brasil, estar “aberto” à possibilidade de terceirizar a gestão de ativos da autarquia. No entanto, ele não deixou claro sobre quais ativos podem acabar nas mãos da iniciativa privada, mas lembrou dos velhos tempos.

De acordo com ele, o BC contou com um programa de gestão terceirizada até meados dos anos 2000, mas o sistema foi descontinuado e a instituição começou a controlar diretamente os ativos. Agora, ele, que tem mandato à frente da instituição até dezembro de 2024, não descarta repensar esse cenário.

“A gente está aberto a essa terceirização, vamos dizer assim, à gestão externa. A gente teve um programa grande de gestão terceirizada. Hoje, grande parte da gestão não é terceirizada, mas a gente está aberta a fazer a gestão terceirizada, principalmente porque a gente está olhando novas classes de ativos”, disse ele.

Uma das hipóteses, na visão do executivo, seria utilizar a gestão externa de recursos para administrar “ativos novos”. Depois, o Banco Central poderia decidir colocá-los sob a gestão direta.

As reservas financeiras internacionais do Brasil são o principal ativo do Banco Central. Elas são uma espécie de poupança do país, que pode ser utilizada em momentos conturbados.

Essas reservas ficam em moeda estrangeira, principalmente dólares, e, na maioria das vezes, são aplicadas em empreendimentos de outros países.

De acordo com relatório do BC, o Brasil terminou 2022 com US$ 324,7 bilhões de dólares em reservas internacionais, mas esse número subiu para US$ 335 bilhões nos três primeiros meses do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Declaração de Roberto Campos Neto gera reação de governistas

A declaração de Campos Neto já começou a render nas redes sociais. O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), que protocolou denúncia no CMN (Conselho Monetário Nacional) contra o presidente do BC em junho, por sua má condução da política monetária brasileira, já se manifestou contra a opinião.

“Campos Neto perdeu a vergonha. Na mesma semana em que tentou censurar os diretores do BC, ele aparece em entrevista à Black Rock dizendo que planeja dar a gestores privados a administração das reservas internacionais do Brasil. Chega de sabotagem”, escreveu o parlamentar em seu perfil oficial no Twitter.

A base do atual governo está tentando aumentar a pressão sobre Campos Neto no Congresso Nacional com um pedido de investigação contra ele no Senado, por conta da elevada taxa de juros, atualmente em 13,75% ao ano.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sugeriu convocar Campos Neto no início de agosto e um convite ao executivo já foi aprovado pela CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) da Casa.

O plano é que senadores governistas o questionem novamente sobre a política monetária em curso. Nos dias 1º e 2 de agosto, o Banco Central vai decidir se mantém ou muda a taxa de juros.

Redação ICL Economia
Com informações da Carta Capital

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