Haddad culpa a taxa Selic por queda de 2% registrada no Índice de Atividade Econômica do Banco Central

Segundo o ministro, "a pretendida desaceleração da economia pelo Banco Central chegou forte". Haddad ainda pediu "muita cautela com o que pode acontecer se as taxas forem mantidas na casa de 10% o juro real ao ano".
17 de julho de 2023

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atribuiu à taxa Selic a queda de 2% no IBC-Br em maio frente a abril, indicador do Banco Central que mede a atividade econômica e é considerado uma espécie de “prévia” do PIB (Produto Interno Bruto). “A pretendida desaceleração da economia pelo Banco Central chegou forte. Precisamos ter muita cautela com o que pode acontecer se as taxas forem mantidas na casa de 10% o juro real ao ano. É muito pesado para a economia”, afirmou o ministro nesta segunda-feira (17).

Nesta manhã, o Banco Central divulgou o Índice de Atividade Econômica, que veio pior do que o esperado pelo consenso Refinitiv, que previa estabilidade (0,0%) no mês passado. Em abril, o indicador tinha mostrado alta de 0,56%.

Em relação a abril de 2022, o IBC-Br teve crescimento de 2,15%. No trimestre encerrado em maio, o indicador avançou 1,63% ante o trimestre anterior. Em relação ao mesmo trimestre de 2022, houve alta de 3,83%.

A queda de 2% na economia brasileira em maio foi a maior registrada pelo indicador desde março de 2021, quando a economia recuou 3,6%. O BC divulga apenas o dado, sem indicar motivações ou analisar o índice.

Expectativa agora é de queda na taxa Selic na reunião de agosto

O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros Selic. Com a economia crescendo menos, haveria menor inflação. Esta, por sua vez, tem sido a justificativa do Copom (Comitê de Política Monetária) para manter a taxa nos atuais 13,75% ao ano desde agosto do ano passado. É o maior patamar desde novembro de 2016.

Em agosto, a autoridade monetária realizará a primeira reunião com as presenças dos novos indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para comporem a diretoria do BC: o ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda Gabriel Galípolo, novo diretor de Política Monetária da autarquia, e Ailton de Aquino Santos, que ocupará a Diretoria de Fiscalização do banco. Servidor de carreira da autarquia desde 1998, ele será o primeiro negro a ocupar um cargo na diretoria na instituição.

Diante do último dado da inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que apontou deflação de 0,08%, ficando 0,31 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de 0,23% registrada em maio, a expectativa do mercado financeiro e do governo é de que o Copom inicie o ciclo de queda na taxa Selic.

Na ata da última reunião do Copom, de junho, a autoridade monetária já acenou com essa possibilidade, a depender do comportamento da inflação. As posses de Galípolo e Aquino também reforçam essa ideia.

Somado a isso, o Relatório Focus do Banco Central, também divulgado nesta segunda-feira, mostra que o mercado manteve em 12,0% a estimativa para a Selic este ano. Do mesmo modo, o mercado manteve as projeções para 2024 em 9,50% e a de 2025, em 9,0%. A de 2026 parou nos mesmos 8,75% da semana passada.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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