O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para suceder Roberto Campos Neto na presidência do BC a partir de janeiro de 2025, será sabatinado pela CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado nesta terça-feira (8). O foco da sabatina deve ser a possível interferência de Lula em sua gestão na autarquia.
Isso porque o presidente Lula fez críticas corretas e contundentes à gestão de Campos Neto à frente do BC e, também, ao comportamento político do atual presidente da autarquia. Portanto, como Galípolo é próximo da gestão do petista (ele participou da equipe de transição e foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda antes de ir para o BC), ele deve ser confrontado sobre como vai se comportar caso Lula busque, de algum modo, interferir na gestão da política monetária.
Outros temas como taxa básica de juros (Selic), inflação, crédito e endividamento da população brasileira também devem ser abordados na sabatina amanhã, além do mercado de bets.
Recentemente, o Banco Central divulgou estudo mostrando que beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em bets via Pix somente no mês de agosto. O montante destinado às empresas de apostas corresponde a 20% do valor total repassado pelo programa no mês.
A situação fiscal do país é outro assunto que deve ser colocado na mesa de discussão, assim como a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que concede autonomia financeira ao BC, em tramitação na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado.
Ao que tudo indica, no entanto, ele não deve enfrentar dificuldade para ser aprovado. O presidente da CAE, senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), prevê “zero dificuldade” para Galípolo e diz que ele “tem a confiança de quase todos os senadores”. Ressalta ainda a boa relação que o candidato vem construindo com os parlamentares desde quando era número 2 do ministro Fernando Haddad na Fazenda.
“Galípolo já foi sabatinado uma vez, tem um trânsito muito bom no Senado Federal e provou como diretor que ele é hoje Banco Central. Ele não foi omisso hora nenhuma. Nas decisões importantes do Copom, ele esteve junto com o posicionamento dos demais diretores, inclusive com o presidente Roberto Campos Neto”, disse.
O presidente da CAE vai reassumir o mandato no Senado nesta segunda-feira (7) para conduzir pessoalmente a sabatina. Vanderlan se licenciou do cargo para disputar a prefeitura de Goiânia (GO).
Galípolo já foi questionado sobre autonomia do BC e críticas de Lula por senadores
Em 2023, a autonomia do BC e as duras críticas de Lula a Campos Neto foram temas levantados pelos senadores na primeira sabatina de Galípolo.
Na ocasião, ele afirmou que os diretores do BC não devem opinar sobre a autonomia da instituição, mas que “a vontade das urnas” determina o destino econômico do país.
“É óbvio que é o poder eleito democraticamente, a vontade das urnas, que determina qual é o destino econômico da nossa sociedade. É através desse debate que a gente vai determinar. A autonomia técnica e operacional é aquilo que foi determinado, e aquilo que os diretores devem perseguir e seguir”, disse Galípolo à época.
Em setembro, durante visita ao Senado para angariar votos para sua aprovação, Galípolo teve oportunidade de conhecer os temas de interesse dos parlamentares e se aprofundar sobre algumas questões.
Sua preparação para a sabatina envolveu reuniões com diferentes equipes técnicas do BC para discutir temáticas que vão além de sua área de atuação, hoje centrada na execução dos instrumentos das políticas de juros e câmbio.
Porém, importante ressaltar que Galípolo tem tido uma posição bastante técnica e autônoma. Na reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária), como a última, em que houve aumento da taxa de Selic de 10,50% para 10,75% ao ano, ele votou a favor do ajuste para cima.
Após a sabatina na CAE, o nome de Galípolo deve ser levado ao plenário do Senado ainda nesta terça-feira, onde precisa receber maioria dos votos para ser aprovado. Na votação para a diretoria de Política Monetária, em julho de 2023, o placar foi de 39 votos a favor, 12 contra e uma abstenção.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias