O plenário do Senado aprovou, na tarde desta terça-feira (8), a indicação do economista Gabriel Galípolo à presidência do Banco Central a partir de janeiro de 2025. Mais cedo, ele já havia sido aprovado por unanimidade (26 votos a favor) na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos), onde passou por sabatina.
Foram 66 votos favoráveis e cinco contrários ao nome do economista indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para suceder Roberto Campos Neto à frente do BC, cujo mandato termina em dezembro de 2024. Não houve abstenções.
Antes de ocupar a diretoria de Política Monetária do Banco Central, Galípolo foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda, sendo o braço direito do ministro Fernando Haddad. Também participou do governo de transição, contribuindo para a proximidade do Executivo com o mercado financeiro.
A sabatina durou cerca de 4 horas. Durante esse período, Galípolo foi chamado de “presidente” por senadores do governo e oposição que destacavam a aprovação certa. O economista foi questionado diversas vezes sobre a taxa básica de juros, possíveis pressões políticas nas decisões do Banco Central, autonomia da instituição e as apostas on-line, chamadas bets.
Em sua fala inicial, ele disse: “Toda vez que me foi concedida a oportunidade de encontrar o presidente Lula, eu escutei, de forma enfática e clara, a garantia da liberdade na tomada de decisões e que o desempenho da função deve ser orientado exclusivamente pelo compromisso com o povo brasileiro. Que cada ação e decisão deve unicamente ao interesse do bem-estar de cada brasileiro”.
Na sabatina, ao ser questionado sobre se essa proximidade abriria brechas para o governo interferir em seu posicionamento dentro do BC, Galípolo disse: “Eu jamais sofri [qualquer tipo de pressão do governo para baixar juros]. Seria muito leviano da minha parte dizer que o presidente Lula fez qualquer tipo de pressão em cima de mim, sobre qualquer tipo de decisão”, frisou.
Sobre as apostas on-line, ele afirmou que a instituição “não versa ou não tem qualquer tipo de atribuição sobre a regulação de bets, não é o papel do Banco Central”.
O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Vanderlan Cardoso (PSD-GO), destacou que todas as perguntas feitas ao indicado foram respondidas de forma equilibrada. O senador também afirmou que a escolha do economista para o cargo significa a tranquilidade de que a instituição será muito bem conduzida.
O mandato de Galípolo na presidência do BC vai de janeiro de 2025 a dezembro de 2028.
Saiba quem é Gabriel Galípolo
O escolhido do presidente Lula para chefiar a autoridade monetária é economista formado pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), tem 42 anos, teve importante atuação na equipe de transição do governo Lula 3 na interlocução com o mercado financeiro e, no Ministério da Fazenda, foi o número 2 da pasta antes de assumir a Diretoria de Política Monetária do BC.
Galípolo tem uma formação bastante sólida na área de economia e, desde que assumiu como diretor do BC, seu nome vem sendo testado. Ao longo de sua trajetória, teve bom trânsito no Congresso e nas diferentes instâncias.
Currículo de Galípolo:
- Formado em Ciências Econômicas e mestre em Economia Política pela PUC-SP, o atual diretor de política monetária do BC chegou a substituir o presidente Campos Neto durante férias deste, em julho.
- Professor universitário, deu aulas de 2006 a 2012 nos cursos de graduação da PUC-SP.
- Foi presidente do Banco Fator, instituição com tradição em programas de privatização e parcerias público-privadas (PPPs), de 2017 a 2021. Esteve à frente do banco durante os estudos para o processo de privatização da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro).
- O desenvolvimento de um modelo de parceria público-privada para a Cedae começou em 2018 pelo consórcio liderado pelo Banco Fator, junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
- Especialista no assunto, Galípolo ministrou aulas sobre PPPs e concessões na FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo).
- Foi chefe da Assessoria Econômica da Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos de São Paulo, em 2007, na gestão do então governador José Serra (PSDB).
- Ainda durante governo do tucano, assumiu o cargo de diretor de Estruturação de Projetos na
- Secretaria de Economia e Planejamento de São Paulo.
Em 2009, fundou a Galípolo Consultoria, onde trabalhava até chegar ao Ministério da Fazenda.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e Agência Senado