O PIB de 2020 (-3,3%) caiu em 24 das 27 unidades da federação, segundo o IBGE. Mas mesmo as três UFs no campo positivo não tiveram variação significativa: além de estabilidade em Mato Grosso, 0,1% em Roraima e 0,2% em Mato Grosso do Sul. Embora o estado de São Paulo mantenha a liderança, a região Sudeste perdeu participação no PIB, enquanto o Centro-Oeste avançou, com impulso da agropecuária.
Assim, o Sudeste passou de 53% do total, em 2019, para 51,9%. A região Sul se manteve com 17,2% e o Nordeste, com 14,2%. O Centro-Oeste cresceu de 9,9% para 10,4% e o Norte, de 5,7% para 6,3%. São Paulo, que registrou queda de 3,5% no PIB em 2020, tem 31,2% de participação (31,8% no ano anterior).
Safras e commodities
“A participação é um combinado da variação de volume e da variação de preço”, afirma a gerente de Contas Regionais do IBGE, Alessandra Poça. “Em 2020, tivemos na agropecuária supersafras (à exceção do Rio Grande do Sul) e aumento do preço das commodities como soja, milho, café, e grãos de uma maneira geral na agricultura, como também aumento nos preços dos produtos da pecuária, contribuindo para o resultado dos estados que tem produção agropecuária relevante em suas economias”, comenta.
Citado pela gerente, o Rio Grande do Sul teve a maior queda (-7,2%), com impacto da estiagem em 2020 e pelo segmento de couros, na indústria de transformação. Depois vieram Ceará (-5,7%), Rio Grande do Norte (-5%), Bahia, Espírito Santo e Rondônia (-4,4% cada). No geral, em 12 UFs a taxa foi abaixo da média nacional.
Diferenças regionais
Mas o PIB cai também em todas as cinco regiões brasileiras. No Sudeste, por exemplo, a retração foi igual à média nacional, de -3,3%. A maior queda foi apurada no Sul: -4,2%. O Nordeste caiu 4,1%, o Norte, 1,6% e o Centro-Oeste, 1,3%.
O IBGE teve oito alterações de posição no ranking de participação do PIB. “Ao longo da série histórica, iniciada em 2002, apenas em 2014 e 2016 o número de movimentações de posições foi maior”, diz o instituto.
Reflexo da pandemia
“Houve muita troca de posição, muito mais que nos anos recentes. Isso é reflexo do primeiro ano da pandemia e da forma como ela ocorreu, diferentemente entre as unidades da federação”, afirma Alessandra. “A agropecuária cresceu 4,2%, mas representa cerca de 5% do PIB nacional, enquanto nos estados do Centro-Oeste chega a 20% do valor adicionado, o que compensou parcialmente a queda nos serviços. O Rio Grande do Sul foi um dos poucos estados onde a agropecuária não colaborou, devido a problemas climáticos.”
Apesar das mudanças, a concentração segue alta. São Paulo tem 31,2% do PIB. Tinha 34,9% em 2002. Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul, somados, têm 31,5%, também com recuo em relação a 2002 (33,3%). Nesse período, as demais 22 UFs foram de 31,9% para 37,3%.
PIB per capita e renda
Já o PIB per capita cresceu 2,2% em 2020, para um valor médio R$ 35.935,74. Com grandes diferenças regionais. Vai de R$ 15.027,69 (Maranhão) a R$ 87.016,16 (Distrito Federal). Em segundo lugar, São Paulo (R$ 51.364,73) e em terceiro, Mato Grosso (R$ 50.663,19), superando o Rio de Janeiro, que caiu para sexto.
Ainda segundo os dados divulgados nesta quarta-feira (16) pelo IBGE, a remuneração dos empregados caiu (-0,8%) pelo quarto ano seguido, para 42% do PIB (43,5% em 2019). As principais quedas foram registradas nas regiões Nordeste (-2,7%), Sul (-1,4%) e Sudeste (-0,9%).
Confira participação das UFs no PIB de 2020
- São Paulo 31,2%
- Rio de Janeiro 9,9%
- Minas Gerais 9%
- Paraná 6,4%
- Rio Grande do Sul 6,2%
- Santa Catarina 4,6%
- Bahia 4%
- Distrito Federal 3,5%
- Goiás 2,9%
- Pará 2,8%
- Pernambuco 2,5%
- Mato Grosso 2,3%
- Ceará 2,2%
- Espírito Santo 1,8%
- Mato Grosso do Sul 1,6%
- Amazonas 1,5%
- Maranhão 1,4%
- Paraíba 0,9%
- Rio Grande do Norte 0,9%
- Alagoas 0,8%
- Piauí 0,7%
- Rondônia 0,7%
- Sergipe 0,6%
- Tocantins 0,6%
- Acre 0,2%
- Amapá 0,2%
- Roraima 0,2%