O valor médio da taxa de juros, cobrada pelos bancos em suas operações com pessoas físicas e com empresas, registrou alta de 1,7% em outubro e chegou a 42,4% ao ano, segundo dados divulgados pelo Banco Central na segunda-feira (28). Trata-se do maior patamar desde novembro de 2017 (42,6% ao ano), ou seja, em quase cinco anos. O valor médio da taxa de juros foi calculado com base em recursos livres, isso significa que não inclui os setores habitacional, rural e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De acordo com o BC, a taxa média de juros cobrada nas operações com empresas subiu para 23,5% ao ano, em outubro. É o maior nível desde agosto de 2017 (24,4% ao ano). Já nas operações com pessoas físicas, os juros subiram para 56,6% ao ano, em outubro. Este é o maior patamar de juros desde fevereiro de 2018 (56,9% ao ano).
Durante a campanha eleitoral, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que vai atuar para renegociar as dívidas dos inadimplentes com menor taxa de juros, chamando os empresários do setor do varejo. Também prometeu criar um programa de incentivo e crédito mais barato, com menor taxa de juros, para micro e pequenos empreendedores. E afirmou que vai criar um fundo garantidor para cobrir possíveis casos de inadimplência.
No cheque especial das pessoas físicas, a taxa de juros está em 132,5% ao ano, em outubro. A taxa média de juros cobrada pelos bancos nas operações com cartão de crédito rotativo, por sua vez, avançaram para 399,5% ao ano em outubro. É a maior taxa de juros desde agosto deste ano (399,6% ao ano).
O crédito rotativo do cartão de crédito, cuja demanda em 2021 foi a maior em 10 anos, pode ser acionado por quem não pode pagar o valor total da fatura na data do vencimento, mas não quer ficar inadimplente. É a linha de crédito com a taxa de juros mais alta do mercado e, segundo analistas, deve ser evitada. A recomendação é que os clientes bancários paguem todo o valor da fatura mensalmente.
Taxa de juros dos bancos subiu mais do que a taxa Selic
Segundo dados do Banco Central, entre as modalidades de crédito para as famílias, se destacaram em outubro o cartão de crédito (+2%), crédito pessoal consignado para trabalhadores do setor público (+2,4%) e crédito pessoal não consignado (+1,5%).
Em doze meses, o crescimento do volume total do crédito bancário atingiu 15,8% em outubro. Para 2022, o Banco Central estima uma expansão de 14,2% no crédito bancário. Em 2021, impulsionado por linhas emergenciais de crédito para o combate aos efeitos da pandemia, o crédito bancário teve alta de 16,3%.
Com o aumento registrado em outubro deste ano, a taxa de juros dos bancos subiu mais do que a taxa básica da economia, a Selic, que avançou 11,75 pontos percentuais (de 2% para 13,75% ao ano) desde março do ano passado. Nesse mesmo período, a taxa bancária média cobrada pelos bancos subiu 14 pontos percentuais.
Ainda com a taxa de juros dos bancos mais alta, dados do BC mostram que as concessões de novos empréstimos bancários aumentaram em setembro, quando registraram expansão de 1,24% contra o mês anterior. Esse foi o quarto mês seguido de alta do indicador.
Diante do ciclo da alta da taxa de juros Selic para a contenção da inflação decorrente da pandemia global, do conflito entre Ucrânia e Rússia, houve aumento do endividamento que somou 49,9% da renda acumulada nos doze meses até setembro deste ano. A série histórica do BC para este indicador tem início em janeiro de 2005. Em fevereiro de 2020, antes da pandemia da Covid-19, o endividamento das famílias somava 41,8%.
Ao mesmo tempo, a taxa de inadimplência média registrada pelos bancos nas operações de crédito subiu para 3% em outubro. É a maior desde maio de 2020 (3,2%). Nas operações com pessoas físicas, a inadimplência avançou para 3,9% em outubro — a maior desde maio de 2020 (4%). Já a inadimplência das empresas oscilou para 1,7% em outubro, a mais alta desde agosto de 2020 (1,8%).
O volume total do crédito bancário em mercado, segundo o Banco Central, avançou 1% em outubro deste ano, para R$ 5,21 trilhões. Houve queda de 0,1% na carteira de pessoas jurídicas e aumento de 1,8% na de pessoas físicas.
Por Redação ICL Economia
Com informações das agencias de notícias