Levantamento do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), feito com base em dados de 2022 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, mostra que mais de 10 milhões de brasileiros saíram da linha de pobreza no país em 2022. Mesmo assim, a maioria da população de nove estados segue dentro da taxa de pobreza, ou seja, vive com uma renda mensal de até R$ 665,02. O instituto é um órgão ligado à Secretaria de Estado de Economia e Planejamento (SEP) do Espírito Santo. Em 2021, quando o governo parou de pagar o auxílio emergencial, a taxa de pobreza chegou ao pior patamar, de acordo com outro estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Segundo o levantamento, publicado na reportagem do G1, a taxa de pobreza brasileira caiu de 38,2% para 33% entre 2021 e 2022, para um nível mais próximo de 2020. Mesmo com a queda, o número de pobres no país ainda é alto: são 70,7 milhões de brasileiros vivendo em situações precárias; eram 81,2 milhões em 2021.
O estudo aponta que o alcance do Auxílio Brasil cresceu muito entre 2021 e 2022. Em 2021, 8,6% dos domicílios brasileiros eram de beneficiários do programa; um ano depois, a proporção aumentou para 16,9%. Segundo anúncio do próprio governo federal em novembro do ano passado, o programa bateu recorde naquele mês ao atingir 21,53 milhões de famílias.
Diante da medida eleitoreira do ex-presidente, TCU considerou excessivo o aumento de 18 milhões para 21,1 milhões de famílias no Auxílio Brasil
Segundo o estudo, dois fatores principais estão por trás da queda de pobreza em 2022: a melhora do mercado de trabalho e a expansão de programas de transferência de renda, como o Auxílio Brasil. O programa foi turbinado no último ano do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando ele disputou e perdeu a eleição presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em dezembro de 2022, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou que a quantidade de famílias beneficiadas aumentou de 18 milhões em março de 2022 para 21,1 milhões em outubro, o que foi considerado pelo tribunal um excesso, já que análises estimavam que o número de famílias elegíveis para o programa em 2022 era de 17,62 milhões.
Mesmo com a melhora, os dados apontam que os indicadores de pobreza continuam elevados de forma geral. A queda do ano passado fica ainda mais evidente porque 2021 teve a taxa de pobreza mais alta dos últimos 11 anos. De acordo com os dados divulgados pelo IBGE no final do ano passado, a pandemia da covid-19 fez disparar a pobreza no Brasil. Com isso, o número de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza bateu recorde em 2021 – fato que é confirmado pelos dados da pesquisa do IJSN, como é possível ver no gráfico abaixo.
A pesquisa mostra ainda que, apesar da melhora em 2022, o país retornou ao Mapa da Fome da ONU e a questão histórica da miséria voltou a atormentar a vida dos brasileiros.
Todos os estados do país tiveram queda nas taxas de pobreza em 2022. Aqueles com as maiores reduções foram Roraima (11,7 pontos percentuais) e Sergipe (9,7 p. p.), mas eles seguem com taxas elevadas, acima de 45%. E, mesmo com queda, Maranhão segue como o estado com os maiores indicadores: seis a cada dez maranhenses vivem na pobreza.
O número de brasileiros vivendo na extrema pobreza — ou seja, com até R$ 208,73 por mês — também diminuiu, recuando de 20 milhões em 2021 para 13,7 milhões em 2022. Isso significa que, no ano passado, 6,4% da população vivia nestas condições.
O pico também foi em 2021, com 9,4%. Mas o estudo destaca que, mesmo com a queda em 2022, os números também são considerados altos.
Outro dado alarmante da pesquisa mostra que das 27 unidades da federação, 9 têm a maior parte da população dentro da taxa de pobreza: Maranhão (58,9%), Amazonas (56,7%), Alagoas (56,2%), Paraíba (54,6%), Ceará (53,4%), Pernambuco (53,2%), Acre (52,9%), Bahia (51,6%), Piauí (50,4%)
Esses estados estão concentradas no Norte e no Nordeste, regiões que tiveram os maiores avanços da taxa de pobreza durante a pandemia, como o IBGE apontou no final de 2022.
Os estados do Norte e do Nordeste têm os indicadores mais altos que o resto do país em proporção da população que vive abaixo da linha da pobreza. Maranhão, inclusive, já encabeçava o ranking de estado com a população mais pobre do país em 2021, segundo o levantamento. Mas o indicador do estado melhorou de um ano para o outro: passou de 67,5% da população para 58,9%.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e da G1