Vendas do varejo crescem 0,1% em maio. Mesmo com quarta alta consecutiva, IBGE diz que taxas são ‘decrescentes’

Seis atividades pesquisadas tiveram taxas positivas em maio. Alta mais intensa foi a de livros, jornais, revistas e papelaria
13 de julho de 2022

O volume de vendas do varejo no país variou 0,1% em maio, na comparação com o mês anterior, registrando a quinta taxa consecutiva no campo positivo – 2,3% em janeiro, 1,4% em fevereiro, 1,4% em março e 0,8% em abril. Com isso, o patamar do setor está 6,0% acima do menor patamar dos últimos meses, que foi em dezembro de 2021. No ano, o varejo acumula crescimento de 1,8% e nos últimos 12 meses, queda de 0,4%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada hoje (13) pelo IBGE.

“Este resultado mostra um cenário de estabilidade na passagem de abril para maio. Mas, apesar de vir de quatro resultados positivos, as taxas foram decrescentes. Observamos uma retomada no comércio varejista, mas que vem de uma base baixa, dezembro, e sempre fazendo um acúmulo menos intenso ao longo desses meses”, ressalva o gerente da PMC, Cristiano Santos.

Entre as oito atividades pesquisadas das vendas do varejo, seis tiveram taxas positivas em maio. A alta mais intensa foi a de Livros, jornais, revistas e papelaria (5,5%). Em termos de influência, destaque para os setores de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (3,6%) e Tecidos, vestiário e calçados (3,5%) no lado positivo. Já Móveis e eletrodomésticos (-3,0%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,2%) foram os destaques negativos.

Móveis e eletrodomésticos é uma atividade que não superou seu patamar pré-pandemia nas vendas do varejo, pois ao longo de 2021 teve perdas consideráveis. Durante a pandemia, esses itens tiveram um ganho importante devido às substituições que as pessoas fizeram pelo fato de estarem mais em casa. Após essa demanda extraordinária, esses produtos passaram a ter menos importância no orçamento das famílias, sobretudo eletrodomésticos, o que impactou as vendas do varejo”, analisa o gerente da PMC.

Ele destaca que, no setor de artigos farmacêuticos, o crescimento do volume nas vendas do varejo foi ancorado na indústria farmacêutica, e menos no segmento de perfumaria. “Esse já é o segundo mês consecutivo de alta, e coincide com os reajustes do setor, nos meses de abril e maio”, explica. “No caso de vestuário e calçados, tivemos alguns meses de crescimento especialmente vinculado ao setor de calçados e tênis esportivos, com todos os meses com variações no campo positivo”, complementa Santos.

Na opinião do economista do ICL André Campedelli, a pesquisa mostra que esse segmento continua estagnado, e isso em um dos meses mais importantes para o setor, devido ao Dia das Mães. “O que se viu no mês é que característica de consumo foi distinta, pois, por ocasião do Dia das Mães, os ramos de atividade com maior alta costumam ser o de vestuário e, também, o de móveis e eletrodomésticos. Enquanto o primeiro se elevou consideravelmente, o segundo apresentou queda. Isso mostra que as pessoas trocaram a compra de bens com preço mais elevado neste ano por um presente de valor mais modesto”, observou.

Outro dado apontado por Campedelli foi de que a desaceleração do comércio pode também ser observada no recorte de 12 meses da pesquisa, que aponta sua segunda queda consecutiva.

Inflação impacta nas vendas do varejo no período

Outros destaques nas vendas do varejo são os setores que sofreram o impacto da inflação. Houve um aumento de 0,4% na receita versus uma variação de 0,1% no volume, uma diferença que já sinaliza a inflação no varejo em geral. Só que em alguns setores o impacto inflacionário foi verificado com maior intensidade.

“O setor de combustíveis e lubrificantes vem, há alguns meses, com indicadores de receita muito maiores do que os de volumes. De abril para maio, a receita do setor subiu 3,5% enquanto o volume cresceu 2,1%. Outras atividades como a de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria a receita cresceu 5,0% e o volume 3,6%, devido aos reajustes de preços. Mas o maior exemplo é o setor de supermercados, que de abril para maio cresceu 1% no volume e 4,1% em receita, ou seja, quatro vezes mais, sinalizando sobretudo a inflação dos alimentos”, completa o gerente da PMC.

No comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, veículos e materiais de construção, as duas atividades também sofrem impacto da inflação. Veículos e motos, partes e peças, apresentou variação de -0,2%, enquanto Material de Construção teve queda de 1,1% na passagem de abril para maio de 2022.

“O cenário de todos os indicadores das vendas do varejo é de perda de ritmo. O indicador da margem, sai de 2,4% em janeiro para 0,1% na passagem de abril para maio. O acumulado do comércio varejista cresce de 1,6% em março para 2,3% em abril e depois cai para 1,8% em maio, reduzindo a velocidade de crescimento no ano. Já o acumulado em 12 meses, -0,4%, é o primeiro resultado negativo desde setembro de 2017. Nesse indicador, passamos por toda a pandemia com resultados positivos ou nulo como em maio, junho e julho de 2020. Mas não havia ocorrido taxa negativa”, conclui Santos.

Resultados regionais sobre as vendas do varejo

Na passagem de abril para maio, o comércio varejista apresentou resultados positivos em 18 das 27 Unidades da Federação, com destaque para: Minas Gerais (3,6%), Rio Grande do Sul (3,1%) e Roraima (3,1%). No campo negativo figuram 9 das 27 unidades da federação, com destaque para Rondônia (-2,8%), Rio Grande do Norte (-2,3%) e Tocantins (-2,1%).

Para a mesma comparação, no comércio varejista ampliado, a variação entre abril e maio de 2022 foi de 0,2% com resultados positivos em 15 das 27 Unidades da Federação, com destaque para: Tocantins (3,6%), Rio Grande do Sul (3,5%) e Sergipe (2,5%). Por outro lado, pressionando negativamente, figuram 12 das 27 Unidades da Federação, com destaque para Ceará (-5,3%), Amazonas (-3,1%) e Rio Grande do Norte (-3,0%).

Entenda a pesquisa:

A PMC produz indicadores que permitem acompanhar o comportamento conjuntural do comércio varejista no País, investigando a receita bruta de revenda nas empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas ocupadas, e cuja atividade principal é o comércio varejista.

Iniciada em 1995, a PMC traz resultados mensais da variação do volume e receita nominal de vendas para o comércio varejista e comércio varejista ampliado (automóveis e materiais de construção) para o Brasil e Unidades da Federação.

 

Agência de notícias IBGE

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