Vitória de Trump: dólar, bitcoin, bolsas e títulos do Tesouro dos EUA sobem. O que o Brasil pode esperar

Bolsas da Ásia, ao contrário, caíram diante das promessas do presidente eleito de aumentar tarifas de importação do gigante asiático.
6 de novembro de 2024

A vitória do republicano Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos já começou a agitar o mercado financeiro mundial, nesta manhã de quarta-feira (6). Dólar, bitcoin e rendimentos de dois anos dos títulos do Tesouro dos EUA dispararam. Na contramão, as bolsas da Ásia fecharam em queda.

O candidato republicano foi declarado presidente eleito por volta das 7h30 de hoje, quando atingiu a marca de 276 dos 538 votos do Colégio Eleitoral. Ele precisava ter ao menos 270 votos para vencer a disputa com a vice-presidente democrata Kamala Harris.

Embora as bolsas da Ásia tenham fechado antes de a vitória ser anunciada, já havia uma expectativa de vitória do republicano, que teve uma vitória acachapante não prevista pelas pesquisas de intenção de votos.

Mesmo sem a declaração oficial, os investidores já repercutiam o resultado e os dois principais índices da China terminaram a sessão em queda.

O CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, caiu 0,5%, e o índice SSEC, de Xangai, oscilou 0,09% para baixo. Em Hong Kong, a Bolsa despencou 2,23%.

Entre as medidas já anunciadas pelo presidente eleito, está adicionar uma tarifa de 60% para produtos fabricados na China que serão comercializados nos EUA. Também é esperado um acirramento na política comercial entre os dois países, a exemplo do que aconteceu no mandato anterior de Trump.

Além disso, políticas antimigração e redução de impostos aos mais ricos, propostas por Trump, devem pressionar a inflação. Embora os indicadores tenham disparado hoje, há uma preocupação de lideranças do mercado estadunidense de que as medidas prometidas elevem o déficit das contas norte-americanas.

Como a vitória de Trump já impactou os mercados

  • Dólar: a moeda se valorizou em relação ao iene japonês (1,57%), e ao euro (1,69%). Na comparação com uma cesta com seis outras divisas pelo mundo, a moeda norte-americana subia 1,58% nesta quarta. A moeda já tem subido no Brasil como efeito das eleições presidenciais e hoje não deve ser diferente.
  • Bitcoin: atingiu um valor recorde de US$ 75.120, disparando 8,63% em relação ao dia anterior. A moeda virtual é defendida por Trump, que já anunciou o interesse em criar uma criptomoeda própria.
  • Tesouro dos EUA: chegaram a subir durante a madrugada, mas apresentavam desempenhos diferentes de manhã após ser declarada a vitória de Trump. O contrato de 10 anos caía para 4,2888%, e o título de dois anos subia para 4,1972%. Os analistas dizem que os investidores já estavam preparados para a turbulência das Treasuries.
  • Contratos futuros do S&P 500: atingiram máxima recorde ao subir 2,28% durante a madrugada. Na Nasdaq, a alta era de 1,85% e o futuro da Dow Jones tinha valorização de 2,74%.
  • Indicador MSCI de ações em todo o mundo (MIWD00000PUS) subiu 1,1%. Em Wall Street, no pré-mercado, o S&P 500 Index .SPX subiu 1,2%, o Dow Jones Industrial Average .DJI valorizou 1%, e o Nasdaq Composite .IXIC teve alta de 1,4%.
  • Ações europeias: têm menos entusiasmo, uma vez que as políticas tarifárias de Trump, se implementadas, podem desencadear uma guerra comercial global e ameaçar as exportações da União Europeia.
  • A forte alta do dólar pressiona os preços do petróleo e de outras commodities. O petróleo Brent caiu US$ 1,14, para US$ 74,41, enquanto o barril do petróleo WIT, usado nos EUA, tinha perda de US$ 1,05, para US$ 70,93 o barril.

E para o Brasil? 

A volta de Donald Trump à Casa Branca a partir de 2025 é vista como negativa para o Brasil, principalmente devido às medidas protecionistas. A disparada do dólar também prejudica investimentos, inflação e importações.

Trump prometeu aumento mais intenso das tarifas sobre importados, corte de impostos, deportações em massa e redução da independência do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano).

No comércio exterior, a promessa é aumentar tarifas entre 10% e 20% sobre praticamente todas as importações dos EUA, incluindo as que vêm de países aliados. Para a China, a promessa é maior.

Os setores agrícola, de biocombustíveis e de ferro e aço brasileiros devem sofrer com as medidas protecionistas de Trump.

No ano passado, a balança comercial foi desfavorável ao Brasil, com as exportações aos EUA somando US$ 36,9 bilhões (R$ 213,4 bilhões) e as importações, US$ 38 bilhões (R$ 219,8 bilhões).

As vendas brasileiras de produtos primários de ferro e aço representaram 13% do total exportado, com destaque também para itens de engenharia civil e condutores (4,8%) e grânulos e ferro-ligas (4,6%).

Os analistas apontam que os planos do republicano para imigração restrita, cortes de impostos e tarifas abrangentes, se implementados, jogam mais pressão sobre a inflação e os rendimentos dos títulos do que as políticas de centro-esquerda de Harris.

Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S.Paulo

 

 

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