Pesquisa Datafolha mostra que 75% dos brasileiros entrevistados apontam o presidente Jair Bolsonaro como culpado (ao menos em parte) pela disparada dos preços, apesar dos esforços do Governo em mencionar outras causas: a guerra na Ucrânia, o preço do petróleo e, principalmente, os governadores (a quem culpa por políticas de restrição de circulação devido à pandemia, já encerradas há vários meses).
Do total de entrevistados, 36% atribuem muita responsabilidade ao governo e 39% atribuem um pouco de responsabilidade (esses índices eram de 41% e 34% em setembro). Outros 22% dizem que o governo não tem nenhuma responsabilidade (eram 23% na pesquisa anterior). A pesquisa Datafolha foi realizada na terça e quarta da semana passada (dias 22 e 23) com 2.556 pessoas em 181 cidades de todo país. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Relatório Focus aponta 11ª alta seguida do IPCA
Mais uma vez, há a piora do cenário para a inflação no Brasil com a 11ª elevação seguida na projeção para o resultado do IPCA (Índice Geral de Preços ao Consumidor Amplo) neste ano, aproximando-se de 7%, de acordo com pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central nesta segunda-feira (28). O horário de publicação do levantamento foi adiado pela segunda vez se hoje. Novas datas de publicação serão informadas “oportunamente”, segundo o BC. Sindicato de funcionários do BC tem afirmado que os incidentes são consequência da operação padrão dos servidores que pedem reajuste salarial.
Segundo a mediana das projeções dos analistas consultados no Focus, o IPCA deve registrar alta em 2022 de 6,86%, contra avanço de 6,59% previsto na semana anterior. Para 2023 a conta subiu em 0,05 ponto percentual, a 3,80%.
O centro da meta oficial para a inflação em 2022 é de 3,5% e para 2023 é de 3,25%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Pesquisa recente do instituto Ipespe mostrou que o medo da inflação vem crescendo na população, com 77% dos entrevistados reclamando que os preços “aumentaram muito” e 79% acreditando que ainda vão aumentar mais, o que pode interferir diretamente na reeleição de Bolsonaro.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que o pico da inflação brasileira deve ocorrer em abril, tocando 11% no acumulado em 12 meses. A afirmação foi feita após o Banco Central elevar a Selic a 11,75% neste mês, em um dos mais fortes apertos monetários do mundo.
Campos Neto também reforçou ser provável que a autoridade monetária esteja perto de encerrar seu ciclo de aperto monetário com uma taxa Selic de 12,75% em maio. Mas explicou que essa decisão pode ser repensada, com um ajuste adicional em junho, se a crise provocada pelo conflito na Ucrânia se agravar ou se houver alguma mudança brusca e não prevista no mercado
Para a taxa básica de juros Selic, as estimativas permaneceram em 13,0% e 9,0% ao final de 2022 e 2023. Também não sofreu alteração o cenário para a atividade, com a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) permanecendo em 0,50% e 1,30%, respectivamente.
A inflação fechou 2021 em 10,06%, a mais alta desde 2015, e continua subindo. O IPCA apontou um aumento de preços de 1,01% em fevereiro ( o que levou a inflação para 10,54% no acumulado de 12 meses).
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias