O Brasil registrou, em março deste ano, superávit de US$ 286 milhões nas contas externas. É o primeiro resultado positivo do país desde junho de 2022 (US$ 266 milhões). Em março do ano passado, o saldo foi negativo em US$ 3 bilhões. Os dados foram divulgados nesta manhã de terça-feira (25) pelo Banco Central.
Em fevereiro passado, o saldo das contas externas foi negativo em US$ 2,8 bilhões, ainda assim o menor saldo negativo para o mês em seis anos.
Já o resultado do primeiro trimestre de 2023 foi de déficit de US$ 11,82 bilhões nas contas externas. Mas o valor é 40% menor que o registrado nas contas externas no mesmo período do ano passado (US$ 16,56 bilhões).
O montante engloba balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).
De acordo com nota do BC divulgada à imprensa, o resultado positivo nas contas externas em março está relacionado, principalmente, com o superávit comercial recorde do mês passado, além de um resultado negativo menor na conta de serviços (que inclui viagens ao exterior). Mas, no conjunto, o Banco Central projeta um rombo de US$ 49 bilhões nas contas externas para este ano.
A balança comercial de bens registrou, somente em março, o maior superávit da série histórica, US$ 9,5 bilhões, ante saldo positivo de US$ 6,1 bilhões em março de 2022. As exportações de bens também foram recordes, US$ 33,3 bilhões, aumento de 12,1% em comparação a março de 2022. As importações de bens registraram aumento interanual de 0,9%, totalizando US$ 23,8 bilhões.
Contas externas: investimento estrangeiro direto registra pequena queda no primeiro trimestre do ano
Os dados divulgados pelo BC nesta manhã mostram que os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira registraram pequena queda nos primeiros três meses deste ano, para US$ 21 bilhões. No mesmo período do ano passado, a soma foi de US$ 22,77 bilhões.
Mas, somente em março, os investimentos diretos no país totalizaram US$ 7,67 bilhões, contra US$ 6,87 bilhões no mesmo mês de 2022.
A entrada de investimentos no país geralmente está relacionada com o comportamento do PIB (Produto Interno Bruto). O indicador vem registrando desaceleração devido à alta taxa de juros da economia brasileira (Selic), atualmente em 13,75% ao ano, e que tem sido alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da equipe econômica, de empresários e economistas, por justamente travar o crescimento da economia brasileira.
Para este ano, o BC estima entrada de US$ 75 bilhões em investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira, valor um pouco menor do que prospecta o mercado financeiro (US$ 80 bilhões), segundo o Boletim Focus do Banco Central.
Em relação aos gastos de brasileiros no exterior, eles somaram US$ 1,11 bilhão em março deste ano, com estabilidade frente ao mesmo mês do ano passado (US$ 1,10 bilhão).
Além da pandemia de Covid-19, as despesas de brasileiros fora do país também foram influenciadas pelo nível de atividade econômica e o preço do dólar usado nas transações internacionais.
Em 2022, a moeda norte-americana fechou em queda de 5,3%, cotada a R$ 5,2780. Apesar disso, ainda permaneceu bem acima do patamar de 2019, quando encerrou o ano em R$ 4,0098.
Já o nível de atividade está em desaceleração também devido à alta da Selic. No ano passado, o PIB brasileiro cresceu de 2,9%. Para 2023, a projeção do mercado é de uma expansão menor ainda, de 0,96%.
Por fim, o déficit na conta de serviços totalizou US$ 2,9 bilhões em março de 2023, redução de 14,1% em relação a março de 2022. A conta de transportes registrou despesas líquidas de US$ 1,1 bilhão, recuo de 24,4% em relação a março de 2022, influenciada pelos menores gastos em fretes.
As despesas líquidas com aluguel de equipamentos totalizaram US$ 805 milhões, aumento de 23,7% na comparação com março de 2022. As despesas líquidas em viagens internacionais recuaram 15,8% e somaram US$ 546 milhões, com aumentos de 25,9% (para US$ 570 milhões) nas receitas e de 1,4% nas despesas (para US$ 1,1 bilhão).
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias