O Fed (Federal Reserve, banco central norte-americano) pode dar uma pausa, nesta quarta-feira (14), na trajetória de alta dos juros dos EUA. O Fomc, equivalente ao Copom (Comitê de Política Monetária) do Brasil, se reúne pela quarta vez no ano para deliberar sobre a taxa de juros do país. O monitor do CME Group mostra que uma fatia de 97% do mercado aposta na manutenção da taxa no atual patamar, entre 5% e 5,25%, o maior patamar desde 2007.
Isso porque a maior economia do mundo tem dado sinais de resiliência, e os últimos indicadores econômicos têm dado demonstrações disso.
Por exemplo, ontem (13), foi informado o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), que mostrou o menor aumento anual em mais de dois anos. O indicador subiu a uma taxa anual de 4% em maio, a menor em dois anos.
Contudo, outros termômetros importantes usados pelo Fed para calibrar os juros, como o índice de preços de gastos com consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) e dados sobre o mercado de trabalho, também mostram a persistência da inflação no país. A taxa de desemprego, por exemplo, está em 3,7%, nível considerado ainda baixo, mostrando que o mercado de trabalho continua aquecido.
O Fed iniciou o ciclo de aperto monetário em março do ano passado, quando os juros estavam próximos de zero, e desde então elevou a taxa por dez encontros consecutivos para controlar a inflação, que chegou a bater próxima da casa dos dois dígitos anuais em meados do ano passado.
Tão importante quando a decisão em si, são o comunicado e o discurso feito pelo presidente do Fed, Jerome Powell, depois do anúncio.
O mercado acredita que o discurso deve ser ainda duro sobre a necessidade de uma política monetária rígida, pois os indicadores econômicos podem trazer surpresas desagradáveis nos próximos meses.
Vale lembrar que os Estados Unidos enfrentaram uma série de eventos preocupantes este ano, como a crise de alguns bancos regionais e a estressante negociação em torno do aumento do teto da dívida do país.
Resta saber se o início do corte dos juros nos Estados Unidos pode finalmente convencer o presidente do Banco Central brasileiro, Roberto Campos Neto, a começar a cortar a taxa básica de juros (Selic) do Brasil, para alegria do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e equipe econômica, e também da empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza, que enquadrou Campos Neto em um evento do setor varejista em São Paulo, nesta semana, perguntando a ele quando os juros vão baixar no Brasil. Será?
Decisão sobre os juros dos EUA impacta os negócios no Brasil, afinal, o que está no centro do debate é a maior economia do mundo
Os fatos mostram que o mercado brasileiro já está dando como certa a queda da Selic, atualmente em 13,75% ao ano, nos próximos meses. A Bolsa brasileira já vem apresentando sinais de recuperação nas últimas semanas e o real tem se valorizado diante do dólar, que está atualmente na cotação mais baixa em um ano.
“Essa pausa [nos juros dos EUA] tende a ser positiva para a tomada de risco. Os investidores estão dispostos a expandir seu rol de ativos de risco na carteira. Olhando para frente, a pausa tende a ser favorável aos ativos de risco de forma geral”, disse o analista da Empiricus Research, João Piccioni, ao jornal O Globo.
Esse movimento acontece porque, quando os juros nos Estados Unidos caem, a remuneração dos títulos do Tesouro dos EUA para de subir ou cai. Isso faz com que investidores globais migrem seus investimentos para mercados emergentes, como o Brasil.
Portanto, um freio nos juros americanos tende a facilitar a atração de investidores para o Brasil, onde os juros pagos pelos papéis do Tesouro são mais altos (13,75%).
Além disso, muitas ações na Bolsa são consideradas baratas. Esse fluxo de investimentos traz mais dólares para o país, favorecendo a valorização do real.
Por sua vez, a queda da cotação do dólar no Brasil ajuda a controlar a inflação, favorecendo a queda da Selic, outro fator que pode mexer com o mercado de títulos públicos e também com a valorização dos papéis em Bolsa.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e de O Globo