O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem se saído como um grande articulador do governo nas pautas econômicas no Congresso Nacional. O sucesso da aprovação da reforma tributária ontem (5) pela Câmara pode ser creditado na conta do ministro, que saiu como um dos grandes vitoriosos nesse pleito. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reconheceu publicamente o trabalho de Haddad, ao classificá-lo como “extraordinário”.
Em entrevista exclusiva ao SBT ontem, concedida antes da aprovação da matéria na Câmara, Lula disse fez a analogia de que tanto gosta com o futebol, dizendo que, se Haddad fosse um jogador, certamente “seria convocado para a seleção brasileira”. Ele ainda afirmou que, até o momento, não precisou entrar no “corpo a corpo” para a aprovação da matéria no Congresso, porque “o Haddad está jogando bem”. “Se ele fosse jogador de futebol e tivesse convocação da seleção agora, certamente ele seria convocado para a seleção”, elogiou.
Nesses primeiros quase sete meses de governo, Lula avaliou o trabalho do ministro como “extraordinário”. “(Haddad vem) tendo muita paciência, conversando com as pessoas, fazendo as negociações que têm que ser feitas”, disse. “Haddad vai ser uma extraordinária surpresa neste país na área econômica.”
Sobre o texto aprovado, Lula disse que “certamente, não é o texto perfeito que quer Haddad nem que quer a Câmara”, mas é o possível de construir em meio a diversos interesses envolvidos.
Na entrevista, o presidente ainda anunciou que o novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) será lançado na segunda quinzena de julho, com foco na transição energética.
O presidente afirmou que o novo PAC será lançado paralelamente ao “Minha Casa, Minha Vida” número 2, que deve contar com 2 milhões de casas novas e 186 mil casas que estavam com obras paradas, e afirmou ainda que não sabe o número exato do quanto será investido no novo PAC, mas “serão bilhões e bilhões de reais”.
Por sua vez, Haddad elogia Lira, dizendo que presidente da Câmara foi uma “grande liderança”
O ministro da Fazenda, por sua vez, disse nesta sexta-feira (7) que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi uma “grande liderança” na aprovação da reforma tributária ontem na Casa.
“Liguei para ele [Lira], evidentemente. Foi uma grande liderança, teve um papel fundamental. Está todo mundo de parabéns”, declarou.
Segundo Haddad, “só os extremistas” se opuseram ao texto aprovado em dois turnos. “A condução do presidente Artur Lira foi muito republicana. Ouviu todo mundo, só colocou na pauta quando tinha segurança de que tinha conseguido quase um consenso, só os extremistas quiseram demarcar [posição], mas não foi suficiente para impedir o placar absolutamente expressivo da vontade nacional. Quase 400 votos, num tema tão delicado quanto esse, imagina o esforço espiritual de cada um de nós para atingir esse objetivo”, declarou.
Em uma postura diplomática, o ministro também mencionou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que originou um impasse em torno da proposta, mas mudou de opinião após reunião com Haddad.
“O governador Tarcísio fez a gentileza de vir aqui negociar os termos do acordo, não se furtou a dar declarações aqui para a imprensa ao meu lado, sinalizando que há assuntos que são grandes demais para ficar na raia miúda da disputa partidária”, afirmou.
Os deputados voltam ao plenário nesta sexta para analisar quatro destaques (sugestões de mudanças em trechos específicos do texto). Só depois dessa etapa o texto segue para o Senado.
Sobre a próxima etapa da proposta no Senado, o ministro afirmou que recebeu telefonemas de senadores com elogios ao texto aprovado na Câmara e que alguns pedidos deles já estariam contemplados no texto.
“[Os senadores] também estão otimistas em relação à tramitação no Senado, que deve acontecer agora no segundo semestre, depois do recesso”, disse Haddad.
Haddad espera que projeto do Carf seja votado ainda hoje
A expectativa de Haddad é que a Câmara vote ainda nesta sexta o projeto que restabelece o voto de desempate do governo no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
Enviado pelo governo Lula ao Congresso, o texto prevê que o Executivo volte a ser beneficiado em caso de empates em julgamentos no Carf, instância de recursos sobre temas ligados à Receita Federal.
Até a manhã desta sexta, ainda não havia consenso para aprovar o texto em plenário. O projeto foi incluído por Lira na lista de temas da “supersemana” de esforço concentrado, mas as negociações dos últimos dias ainda não geraram um texto de consenso.
Além da reforma e do projeto do Carf, também está na fila o texto do arcabouço fiscal.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e de O Estado de S.Paulo