Super quarta: mercado aguarda decisões sobre taxas de juros no Brasil e nos EUA

Expectativa é de que haja aumento de 0,5% nos EUA e de 1% no Brasil
4 de maio de 2022

O Federal Open Market Committee (Fomc) do Federal Reserve, Banco Central dos EUA, e o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central do Brasil, têm reuniões de política monetária nesta quarta-feira (4). Esse momento tem sido muito aguardado pelo mercado, que já antecipa as decisões.

O Federal Reserve deve anunciar, às 15h (horário de Brasília), aumento de 0,5% na taxa de juros praticada nos Estados Unidos. O economista e fundador do ICL, Eduardo Moreira, alerta que o mercado precisa estar atento à ata da reunião. “No comunicado, podem vir dicas, por exemplo, sobre o programa de recompra de títulos para injetar liquidez no mercado. A expectativa é de um anúncio de diminuição desse programa, porque a ideia agora não é injetar liquidez. Como o motivo dessa alta de juros é a maior inflação dos últimos 40 anos nos EUA, espera-se que a diminuição no programa de recompra aconteça, inclusive, de uma maneira mais agressiva, jogando menos liquidez no mercado, ajudando, assim, junto com o aumento da taxa de juros, a atingir uma queda da inflação”, explica Moreira.

Cabe ressaltar que a trajetória de alta de juros pelo Fed é acompanhada de perto pelos investidores, principalmente em meio aos temores de que um avanço muito forte nas taxas possa levar a um período de recessão para a maior economia do mundo.

Selic deve subir 1 ponto percentual e chegar aos 12,75% ao ano

No Brasil, a taxa básica de juros da economia (Selic) deve aumentar dos atuais 11,75% para 12,75% ao ano. Ao menos é esta a expectativa dos analistas financeiros para o resultado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, nesta quarta-feira (4).

No encontro anterior do Copom, em março, o Banco Central sinalizou que deveria voltar a aumentar a Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) em 1%. O atual ciclo de alta teve início em março de 2021 em, caso se confirme, será o 10º aumento seguido da Selic, o que elevará a taxa ao maior patamar desde janeiro de 2017, quando estava em 13% ao ano.

A taxa Selic serve como parâmetro de quanto o governo paga para tomar dinheiro emprestado por meio da emissão de títulos públicos e a expectativa de alta acompanha o aumento da inflação. Em março, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, foi de 1,62%, maior taxa para o mês desde o início do Plano Real, em 1994. Em 12 meses, o acumulado chegou a 11,30%, quase o dobro do teto da meta do Banco Central, que é de encerrar o ano com inflação de 3,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

A política monetária tem também efeito sobre o câmbio. Em tese, altas na taxa Selic tendem a atrair o investimento externo em títulos públicos brasileiros, cuja rentabilidade aumenta, o que acaba pressionando o dólar para baixo diante do real.

Alta de juros é remédio amargo

Administrado às custas da qualidade de vida de parte da população no curto prazo, a alta de juros pode ser vista com um remédio amargo. Isto porque a Selic funciona como um indexador que baliza todas as demais taxas: empréstimos, financiamentos, juros do cheque especial e cartões de crédito, títulos públicos federais, remuneração dos investimentos em renda fixa etc. Desta forma, a subida da Selic torna o crédito mais caro tanto para empresas quanto para pessoas físicas. Com isso, temos a redução da demanda por bens e serviços e, por consequência, a diminuição do crescimento da economia.

Além do aumento das taxas bancárias, os analistas financeiros enumeram alguns outros reflexos do aumento da Selic, como a influência negativa no consumo da população e nos investimentos produtivos, impactando negativamente o Produto Interno Bruto (PIB), o emprego e a renda e geração de despesa adicional com juros da dívida pública. Por um outro lado, aplicações em renda fixa, como no Tesouro Direto e em debêntures, passam a render mais.

No entanto, quem lucra mais diretamente com o aumento da Selic são mesmo os bancos, que podem obter maior spread em operações de crédito. Spread é a diferença entre a taxa que o banco paga para pegar dinheiro emprestado (por exemplo, através da emissão de CDBs) e a taxa que ele cobra para emprestar esse dinheiro. Com o aumento dos lucros dos bancos, suas ações tendem a se valorizar, o que é positivo para as companhias do segmento e também para seus acionistas, que terão valorização do patrimônio e receberão dividendos maiores.

O economista Eduardo Moreira acredita que o anúncio de hoje, dentro do esperado, vai “aliviar o mercado”. “O fato é que ao longo das últimas semanas o mercado antecipou muito esse dia de hoje. Os mercados caíram bastante aqui. O Ibovespa, que chegou a negociar acima de 120 mil pontos, ontem fechou em torno de 106.500. Várias ações caíram muito, algumas em torno de 20 a 30%. O resultado dentro do esperado pode dar um alívio ao mercado.  Tem um ditado que diz que o mercado antecipa no boato e realiza no fato”.

 

Redação ICL Economia
Com informações das agências

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