A Petrobras registrou um lucro líquido de R$ 28,782 bilhões no segundo trimestre deste ano, resultado que representa uma queda de 47% frente aos R$ 54,330 bilhões contabilizados no mesmo período de 2022. Por sua vez, a receita de vendas da companhia somou R$ 113,8 bilhões, um recuo de 33,4% na comparação com um ano antes.
Conforme divulgado pela petroleira ontem (3), os números são explicados, principalmente, pela desvalorização do petróleo tipo Brent no mercado internacional; queda de mais de 40% nos crack spreads internacionais do diesel (diferença entre o preço do petróleo bruto e o produto derivado); e maiores despesas operacionais, especialmente com tributos e impairment (redução do valor de ativos).
O preço médio do Brent ficou em US$ 78,39 por barril entre abril e junho, uma queda de 31,1% na comparação com um ano antes, segundo o balanço da empresa.
“Estes efeitos foram parcialmente compensados por maiores ganhos de capital com venda de ativos, menores despesas financeiras — fruto dos ganhos com variação cambial devido à apreciação do real frente ao dólar — e menores despesas com imposto de renda”, informou a companhia.
Na avaliação do economista e fundador do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), Eduardo Moreira, o resultado da Petrobras reflete a reorganização pela qual a empresa está passando. “A economia brasileira está crescendo, a economia brasileira está voltando, e as empresas brasileiras estão sendo reorganizadas. A Petrobras está, realmente, vivendo uma reviravolta pela maneira como ela estava sendo gerida”, disse na edição, da manhã desta sexta-feira (4), do ICL Notícias, live diária transmitida via redes sociais.
Com a experiência de quem passou cerca de duas décadas nas mesas de operação do mercado financeiro, Moreira tem acompanhado o desempenho das ações da Petrobras. “As ações da Petrobras vinham caindo, caindo, até dezembro de 2022, quando Bolsonaro [o ex-presidente, Jair Bolsonaro] deixou a Presidência. E sabe o que aconteceu quando o Lula [presidente Luiz Inácio Lula da Silva] assumiu? As ações da empresa começaram a subir”, frisou.
Segundo Moreira, os papéis da empresa se valorizaram cerca de 50% desde a posse do petista. “Mas por que a ação está subindo se o lucro caiu? Porque o lucro que a empresa tinha antes era o lucro de uma empresa que estava vendendo o que tinha de maior valor para entregar para os outros. Isso gerava lucro contábil que era distribuído para os donos da empresa. Em outras palavras, a Petrobras estava sendo desmontada [na gestão Bolsonaro] para ser vendida. Antes, a Petrobras estava sendo precificada como uma empresa em liquidação”, enfatizou.
O reconhecimento de que houve um ponto de inflexão positivo na gestão da estatal brasileira foi o fato de que a agência de classificação de risco Fitch Ratings elevou a nota de crédito de várias empresas brasileiras, entre as quais, a Petrobras. Ao todo, 22 companhias tiveram o grau aumentado de BB para BB+.
Segundo a Fitch, a melhora das classificações está diretamente relacionada à elevação da nota de crédito do Brasil, no último dia 26 de julho, quando o país passou de BB- para BB.
Petrobras aprova pagamento de R$ 15 bilhões de dividendos a acionistas
Apesar do recuo no lucro, houve folga para o conselho de administração da petroleira brasileira aprovar remuneração aos acionistas no valor de R$ 1,149304 por ação ordinária e preferencial, o equivalente a R$ 15 bilhões.
Em nota, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, declarou que a companhia “apresentou uma performance financeira e operacional consistente no segundo trimestre, mantendo sua rentabilidade de maneira sustentável e com total atenção às pessoas”.
“Vamos seguir trabalhando, focados no presente, mas também de olho no futuro, preparados para a transição energética justa e investindo no futuro da companhia e do Brasil”, disse.
Este é o primeiro resultado divulgado pela empresa após o anúncio da nova política de preços dos combustíveis, em 16 de maio.
A estatal não segue mais a política de paridade internacional (PPI), que reajustava o preço dos combustíveis com base nas variações do dólar e da cotação do petróleo no exterior, o que, consequentemente, gerava muitas distorções nos preços nacionais dos combustíveis.
Na última semana, a petroleira também anunciou mudanças na política de dividendos. A nova regra estabelece a distribuição de 45% do fluxo de caixa livre (diferença entre geração de caixa e investimentos), reduzindo o percentual de pagamento a investidores. Antes, esse percentual era de 60%.
“A aprovação do dividendo proposto é compatível com a sustentabilidade financeira da companhia e está alinhada ao compromisso de geração de valor para a sociedade e para os acionistas, assim como às melhores práticas da indústria mundial de petróleo e gás natural”, disse a Petrobras.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do ICL Notícias