O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) receberá o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para uma reunião no Palácio do Planalto, em Brasília, no fim desta tarde (27), pela primeira vez depois de empossado. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também participará do encontro. Segundo fontes do governo, a pauta da reunião não foi divulgada, mas seria uma tentativa de Haddad de tentar melhorar a relação de Lula e Campos Neto.
Informações do jornal Valor Econômico dão conta de que esse será o segundo encontro de ambos. O primeiro foi realizado no período de transição de governo, no fim do ano passado.
Procurada pela reportagem do Valor, a Secretaria de Comunicação (Secom) do Planalto disse, em nota, que “o ministro [Haddad] sempre se colocou como a pessoa que poderia fazer esse meio de campo, sempre disse isso para o presidente [Lula] e para o Roberto Campos Neto”.
Ainda segunda a secretaria, o encontro com o presidente Lula foi pedido pelo presidente do BC.
Desde que assumiu a presidência, Lula tem sido um crítico bastante contundente da condução da política monetária por Campos Neto. Não foram poucas as vezes em que o petista criticou o presidente do BC em público, chamando-o de “teimoso” quando a autoridade monetária insistia em manter a taxa básica de juros (Selic) em patamares elevados, ainda que a economia estivesse dando sinais de melhora.
“A inflação está caindo e logo vai começar a abaixar a taxa de juros. O presidente do Banco Central é teimoso, mas não tem mais explicação [para o patamar atual da Selic]”, disse Lula em julho passado.
Somente em agosto, na primeira reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) com as participações de Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária, e Ailton Aquino, de Fiscalização, ambos indicados por Lula para ocuparem a diretoria do Banco Central, que a autoridade monetária fez o primeiro corte da Selic.
Primeiro encontro de Lula e Campos Neto ocorre após dois cortes na Selic
Campos Neto foi nomeado presidente do BC pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, em abril de 2021. O mandato dele vai até o fim de 2024.
Dois meses antes de sua nomeação, foi sancionada a legislação que estabelece a autonomia do Banco Central e uma série de regras, entre elas o mandato de quatro anos para o presidente da autoridade monetária, que não coincide com o do presidente da República.
No governo Bolsonaro, o presidente do BC teve atuação ativa como conselheiro do Planalto, sendo consultado para temas que, inclusive, iam além da área econômica. Já no governo Lula, o comandante da autoridade monetária se tornou alvo de críticas e não frequentou o Palácio do Planalto com a mesma assiduidade da época de Bolsonaro.
Portanto, a tentativa de Haddad de colocar panos quentes na relação é um caminho buscado pelo ministro para buscar a pacificação entre as duas autoridades, o que acaba resvalando também na percepção do mercado financeiro.
Haddad tem se esmerado no papel de interlocutor do governo, incluindo o Congresso Nacional, pois depende desses poderes para a aprovação de medidas importantes de sua pasta. E buscar a pacificação com a autoridade monetária também faz parte do conjunto de sua obra.
O encontro entre Lula e Campos ocorre depois que o Copom realizou dois cortes seguidos na taxa Selic de 0,50 ponto percentual. O último foi feito no último dia 20. Com isso, a taxa saiu de um patamar de 13,75% ao ano para 12,75%.
Assim como na agenda de Lula, a agenda de Campos Neto divulgada ontem à noite (26) traz como registro da reunião “tratar de assuntos governamentais”.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do Valor Econômico