A alta de juros no Brasil e nos Estados Unidos, anunciada na quarta-feira (4), deve impactar diversos setores no Brasil, inclusive com empresas já cogitando pausar projetos e adiar contratações de novos colaboradores. Também a alimentação e a gasolina podem ficar mais caras.
No Brasil, houve alta da taxa básica de juro Selic, de 11,75% para 12,75% ao ano. Já nos Estados Unidos, ocorreu a elevação de 0,5 ponto percentual do juro, no intervalo entre 0,75% e 1%, pelo Federal Reserve (Fed), banco central estadunidense.
As decisões, que têm como objetivo combater a inflação, trazem consequências diretas para os brasileiros. A mudança nos Estados Unidos, por exemplo, pode atrapalhar ainda mais o crescimento da economia no Brasil, sendo que as projeções de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano estão abaixo de 1%.
A fuga de capitais dos investidores estrangeiros no Brasil para investimentos nos Estados Unidos, atrelado à alta de juros lá, pode prejudicar também a performance da bolsa e os planos das companhias brasileiras. Com menos investidores, cai a valorização das ações no mercado brasileiro, adiando projetos. Analistas avaliam que este pode ser o primeiro ano em duas décadas sem nenhuma estreia na Bolsa.
Além disso, com a mudança na Selic, os juros ficam mais altos e dificultam o crédito para empresas investirem em expansões ou novas fábricas. Com o desestímulo ao consumo, as empresas também adiam expansões e contratações, impactando nos números do desemprego.
Para os economistas do ICL André Campedelli e Deborah Magagna, o governo brasileiro poderia já ter tomado algumas atitudes para minimizar a situação. “A única coisa que o Brasil ainda faz é persistir na elevação da taxa Selic como mecanismo de controle das possíveis elevações de demanda, sob justificativa de que isso se faz necessário para corrigir possíveis riscos fiscais. O aumento da Selic será mais um empecilho para o crescimento econômico e vai debilitar ainda mais a já frágil atividade econômica brasileira”.
Baixa no consumo é uma das consequências da alta de juros
Consumidores gastarão menos e terão mais dificuldade em quitar dívidas, principalmente, pela dificuldade em conseguir crédito e parcelamentos. No caso de pessoas que já têm dívidas, fica ainda mais difícil quitar os débitos. No momento, mais de mais de 70% dos brasileiros têm alguma dívida, de acordo com a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência.
Outro fator que deve influenciar no bolso dos consumidores é a movimentação do dólar. A moeda pode ficar mais cara, pressionando a inflação. Os preços de alimentos e combustíveis que estão atrelados à cotação de mercado podem aumentar com essa oscilação. Com isso, alimentos e combustíveis podem ficar ainda mais caros.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias