O Ministério da Fazenda trabalha com um PIB (Produto Interno Bruto) potencial do Brasil na faixa entre 2% e 2,5%. “A gente já provou nos últimos anos que pode crescer acima de 2%, 2,5%, sem gerar pressão inflacionária”, afirmou o secretário de política econômica da pasta, Guilherme Mello. “Você ainda vê muita ociosidade, seja no mercado de trabalho, seja na estrutura produtiva. Tem possibilidade de ocupar isso e crescer sem gerar pressão inflacionária”, complementou.
Isso significa que a Fazenda vê espaço para o crescimento econômico e fortalecimento do mercado de trabalho sem que isso represente uma trava para o ciclo de cortes na taxa básica de juros (Selic), realizado pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central desde agosto do ano passado, quando a Selic saiu de um patamar 13,75% para os atuais 11,25% ao ano.
Em janeiro, a inflação oficial do país, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foi de 0,42%, após a variação de 0,56% registrada no mês anterior. A alta no primeiro mês do ano foi influenciada especialmente pelo aumento de 1,38% do grupo alimentação e bebidas, que tem o maior peso no indicador (21,12%).
Analistas avaliam que a alta de preços do setor de serviços deve começar a impactar o mercado de trabalho, podendo colocar um freio no ciclo de afrouxamento monetário do BC.
“Do ponto de vista dos serviços, janeiro teve uma leitura [do IPCA] um pouco acima da expectativa”, disse Mello. “Mas tem a ver com reajuste de contratos, algumas outras inércias inflacionárias. Claro que a gente acompanha, assim como o Banco Central, mas tem de ter uma visão mais abrangente”, observou Guilherme
Atualmente, a expectativa do mercado financeiro, conforme o último Boletim Focus do Banco Central, é que a Selic deve cair até chegar perto dos 9%´ao ano.
Secretaria de Política Econômica projeta PIB de 2,2% em 2024
A projeção da Secretaria de Política Econômica para o PIB este ano é de avanço de 2,2%. O número está acima da mediana do mercado, que está em 1,6% segundo o último relatório Focus, do BC. Contudo, alguns economistas já estão elevando essa previsão para a casa de 2%.
Para a inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a previsão da SPE é de avanço de 3,55%, ante 3,82% previstos pelo mercado.
Apesar das divergências, o tema sobre o tamanho do PIB potencial do Brasil passou a fazer parte das projeções de economistas do setor privado, pois, para uma parte deles, o país conseguiu ampliar a sua capacidade de crescimento sem gerar desequilíbrios por causa das reformas que foram feitas nos últimos anos.
Redação ICL Economia
Com informações de O Estado de S.Paulo