Recuo de 5,1% do PIB da Argentina no 1º tri mostra que pacotaço do arrocho ultraliberal de Milei não funciona

O resultado deixa a economia argentina em recessão técnica, o que acontece quando a atividade econômica de um país cai por dois trimestres seguidos.
25 de junho de 2024

O PIB (Produto Interno Bruto) da Argentina recuou 5,1% no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período de 2023. Em relação ao último trimestre do ano passado, a queda foi de 2,6%, marcando a segunda baixa trimestral consecutiva. Os dados foram divulgados ontem (24) pelo Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos) do país.

O resultado deixa a economia argentina em recessão técnica, o que acontece quando a atividade econômica de um país cai por dois trimestres seguidos.

O período marca o primeiro trimestre completo sob o governo do ultraliberal Javier Milei na presidência da Argentina. Ele tomou posse em dezembro do ano passado.

Durante a campanha, ele fez promessa de corte de gastos e déficit fiscal zero (equilíbrio entre despesas e receitas). Anunciou uma série de medidas que impuseram ainda mais sofrimento à camada mais pobre da população.

Há mais gente passando fome no país, devido ao aumento dos preços dos alimentos e ao sucateamento de programas estatais que visavam a minorar os impactos da inflação argentina na camada mais pobre da população.

Entre as medidas adotadas por Milei estão a paralisação de obras federais, interrupção do repasse de dinheiro para as províncias (equivalente aos estados), deixou de subsidiar tarifas de água, gás, luz, transporte público e serviços essenciais — o que, inicialmente, resultou em um aumento expressivo nos preços ao consumidor.

Argentina com Milei: mais desemprego, fome, pobreza

Está certo que a economia argentina vai muito mal há anos. Mas o pacotaço do arrocho anunciado por Milei, que foi elogiado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), tem atingido principalmente os mais vulneráveis.

De acordo com os dados do Indec, o consumo privado caiu 6,7% no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto o consumo público recuou 5%.

A suspensão de projetos de infraestrutura também levaram ao aumento do desemprego em setores importantes, como o de construção.

A taxa de desemprego do país aumentou para 7,7% no primeiro trimestre, acima dos 5,7% no final do ano passado, segundo o Indec. Isso significou cerca de 300 mil novos desempregados desde o trimestre anterior.

A inflação acumulada está na casa dos 276,4% ao ano e a intensificação da crise econômica no país já colocaram 41,7% dos 46,7 milhões dos argentinos abaixo da linha da pobreza, segundo dados do mesmo instituto.

A crise das famílias atingiu até mesmo o consumo de carne, que caiu atingiu, em março, o menor nível em 30 anos, segundo a Câmara da Indústria e Comércio de Carnes e Derivados da Argentina.

Na balança comercial, as importações do país caíram 20,1% no primeiro trimestre, enquanto as exportações aumentaram 26,1%.

Se você quiser saber um pouco mais sobre a Argentina, os economistas e apresentadores do ICL Mercado e Investimentos entrevistaram Ezequiel Laplane, doutor em economia pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em abril passado. Assista à entrevista no vídeo abaixo:

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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