As contas externas do Brasil tiveram déficit de US$ 2,8 bilhões em março. Apesar de o montante ter caído 46,2% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o saldo negativo foi de US$ 5,2 bilhões, esse resultado só foi possível graças à balança comercial, que teve superávit de US$ 6,1 bilhões em março, ante um déficit de US$ 514 milhões no mesmo mês do ano passado. O relatório sobre as contas externas foi divulgado nesta segunda feira (25), pelo BC (Banco Central).
As contas externas envolvem operações de compras e vendas de mercadorias (balança comercial), serviços adquiridos por brasileiros no exterior e rendas, como remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para outros países.
Em sua totalidade, as reservas internacionais do país diminuíram US$ 4,6 bilhões de fevereiro para março, fechando em US$ 353,2 bilhões no período. Segundo o BC, o resultado decorreu, principalmente, “das variações por paridades e por preços”. A receita de juros, por sua vez, somou US$ 481 milhões no mês.
Na comparação interanual, houve aumento de US$ 6,6 bilhões no saldo da balança comercial de bens, parcialmente compensado pelas elevações de US$ 2,8 bilhões no déficit em renda primária e de US$ 1,1 bilhão no déficit em serviços.
Ainda de acordo com a autoridade monetária, o déficit em transações correntes nos 12 meses encerrados em março ficou em US$ 23,5 bilhões, valor que corresponde a 41% do PIB (Produto Interno Bruto).
Em fevereiro, o déficit estava em US$ 26 bilhões (1,59% do PIB), enquanto em março de 2021 fechou em US$ 22,8 bilhões (1,62% do PIB).
A autoridade monetária atrasou a publicação dos últimos quatro relatórios das contas externas referentes aos meses de março, abril, maio e junho, devido à greve dos funcionários públicos, que começou em abril. A paralisação foi suspensa pelo sindicato em julho.
Contas externas: arrefecimento da pandemia melhora indicadores de viagens internacionais
Com relação à conta de serviços, o déficit registrado em março com contas externas aumentou 106,8% na comparação com o mesmo mês de 2021, ficando em US$ 2,2 bilhões. Já a conta de viagens internacionais registrou despesas líquidas de US$ 648 milhões no mês, ante US$ 100 milhões em março de 2021.
“Na mesma base comparativa, e seguindo tendência dos meses recentes, os fluxos brutos de receitas de viagens expandiram 112,2%, totalizando US$ 453 milhões, e as despesas de viagens cresceram 251,8%, somando US$ 1,1 bilhão”, detalha a autoridade monetária. Esse movimento foi auxiliado muito provavelmente pelo arrefecimento da pandemia de Covid-19, que impediu por muito tempo a movimentação desse segmento.
Ainda segundo as estatísticas do setor externo, as despesas líquidas de transportes somaram US$ 428 milhões em março de 2022, ante US$ 253 milhões na mesma base de comparação de 2021.
O segmento de aluguel de equipamentos registrou despesas líquidas de US$ 651 milhões, valor que representa aumento de 14,8%, tendo como base de comparação março de 2021.
A conta de renda primária teve déficit 68,5% maior do que o registrado em março do ano passado, totalizando US$ 7 bilhões. Já as despesas líquidas de lucros e dividendos aumentaram para US$ 5 bilhões, ante US$ 2,8 bilhões em março de 2021, “impulsionadas pelo acréscimo de US$ 2 bilhões nas despesas brutas”.
Segundo o BC, as despesas líquidas com juros somaram US$ 2 bilhões em março de 2022. No mesmo mês de 2021, essas despesas estavam em US$ 1,3 bilhão.
Em março de 2022, US$ 7,6 bilhões entraram no país por meio de investimentos diretos (IDP), valor superior aos US$ 7 bilhões em ingressos líquidos para esse tipo de investimento, registrados em março de 2021. Houve uma melhora considerável no nível de investimentos diretos no país. No acumulado em 12 meses encerrados em março de 2022, o IDP totalizou US$ 51,2 bilhões (3,08% do PIB).
De acordo com a autoridade monetária, houve ingressos líquidos de US$ 6,2 bilhões em participação no capital e de US$ 1,4 bilhão em operações intercompanhia.
Além disso, os investimentos em carteira no mercado doméstico totalizaram saídas líquidas de US$ 5,5 bilhões em março, compostos por saídas de US$ 6,6 bilhões em títulos de dívida e ingressos de US$ 1,1 bilhão em ações e fundos de investimento. Nos 12 meses encerrados em março, os investimentos em carteira no mercado doméstico somaram ingressos líquidos de US$ 19,8 bilhões.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias