Projeção do mercado é de desaceleração da economia, com alta da taxa de juros e PIB menor para 2023

O Banco Central decide, na quarta-feira (3), a nova taxa de juros, que deve ser elevada para 13,75% ao ano. de acordo com projeção do mercado
1 de agosto de 2022

Dados do Relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira (1), indicam que o mercado continua a revisar as projeções para a inflação e o desempenho da economia brasileira de 2022 e de 2023. A alta da taxa de juros por mais tempo deve levar a um PIB (Produto Interno Bruto) menor para o ano que vem.

A expectativa com relação à taxa Selic para 2022 não sofreu alterações nesta semana, devendo permanecer em 13,75% pela sexta semana seguida. Já para 2023, as estimativas passaram de 10,75% para 11%. Para 2024, a perspectiva se manteve em 8% e, para 2025, continuou em 7,50%.

Nesta quarta-feira (3), o Banco Central decide a nova taxa de juros, que deve ser elevada em 0,50 ponto percentual, a 13,75% ao ano.

Já a projeção para o crescimento do PIB deste ano subiu de 1,93% para 1,97%, mas para 2023 é de queda, saindo 0,49% para 0,40%. O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.

Em relação à estimativa para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2022, ela caiu de 7,30% na semana passada para 7,15% agora, mas para 2023 subiu de 5,30% para 5,33%. É a 17ª semana seguida de alta para a expectativa de inflação do próximo ano.

Mesmo com a queda, a estimativa de inflação do mercado segue acima da meta por conta dos juros. Em 2022, a meta central de inflação é de 3,50% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar entre 2% e 5%. Para o próximo ano, a meta central de inflação foi fixada em 3,25% e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%. Mas, de acordo com o boletim do BC, a previsão dos analistas para 2023 passou de 5,30% para 5,33%.

Apesar de, no curto prazo, os efeitos aparentemente serem benéficos, a avaliação é de que as medidas de alta na taxa de juros (Selic) tendem a piorar a inflação no médio prazo, com a economia desacelerando neste segundo semestre.

O movimento duplo (IPCA menor e PIB maior neste ano, mas o contrário em 2023) é efeito das medidas aprovadas no Congresso Nacional, com apoio do governo federal, para baixar os preços dos combustíveis e da conta de luz a poucos meses da eleição e também estimular a economia.

A diminuição de impostos foi uma estratégia do governo e do Congresso para tentar segurar os preços e usar isso em benefício do projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro. No entanto, apesar de reduzirem a inflação em 2022, essas medidas pressionam os preços para 2023.

Outras estimativas do Boletim Focus, além da alta da taxa de juros

Câmbio
Em relação ao dólar, as apostas para 2022 continuaram em R$ 5,20, e, para 2023, em R$ 5,20.Para 2024, a expectativa do preço do dólar permanece em R$ 5,10, e para 2025, em R$ 5,15.

Balança comercial
Para o saldo da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações), a projeção caiu de US$ 68,50 bilhões para US$ 67,20 bilhões de resultado positivo em 2022. Para o ano que vem, a estimativa dos especialistas do mercado ficou estável em US$ 60 bilhões de superávit.

Investimento estrangeiro
A previsão do relatório para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil neste ano recuou de US$ 57,85 bilhões para US$ 56,25 bilhões. Para 2023, a estimativa passou de US$ 60,75 bilhões para US$ 60,50 bilhões de ingresso.

O Boletim Focus é um levantamento semanal do Banco Central com mais de 100 instituições financeiras, contendo um resumo das expectativas de mercado a respeito dos principais indicadores da economia brasileira, como taxa de juros básica, inflação, câmbio e juros.

Redação ICL Economia
Com informações das agências

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