A expectativa majoritária de analistas consultados é que o mais longo e intenso ciclo de aperto monetário promovido pelo Banco Central deve ser interrompido na quarta-feira (21), de acordo com reportagem da Folha de S. Paulo. É esperada a manutenção da taxa de juros (Selic) em 13,75% ao ano. No entanto, um ajuste final de 0,25 ponto percentual, que transmitiria uma mensagem mais dura por parte da autoridade monetária, não está descartado pelos economistas.
A taxa de juros Selic, em 13,75%, já é o maior patamar desde janeiro de 2017. Trata-se do maior ciclo de aperto monetário da história do Copom, muito em função da pandemia de Covid-19 e, também, da má condução da política econômica brasileira.
Para economistas consultados, a comunicação do Copom na última reunião foi na direção de parada da escalada da taxa de juros. Segundo eles, isso se deve à queda nas projeções de inflação para este ano e sobretudo para o próximo, período mais relevante para a atuação do BC dada a defasagem da política monetária.
Recuo do IPCA no Boletim Focus contribui para estabilidade da taxa de juros
De acordo com o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (19), a estimativa do mercado para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de 2022 recuou pela 12ª semana consecutiva, de 6,4% para 6%, e a projeção para 2023 caiu de 5,17% para 5,01%, quinta queda seguida.
A previsão mais baixa em 2022 incorpora o impacto de medidas legislativas aprovadas referentes aos preços de combustíveis e energia elétrica. Após a redução das alíquotas de ICMS, por motivos eleitoreiros, o país registrou dois meses de deflação (em julho e agosto).
Só no mês passado, o índice oficial de inflação do país recuou 0,36%, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No acumulado em 12 meses, o IPCA ficou em 8,73%.
Além do corte tributário, estão os reajustes nos preços dos combustíveis anunciados pela Petrobras na esteira da queda do valor do petróleo no mundo.
Embora as projeções de inflação estejam caindo para o ano que vem, elas ainda continuam acima do objetivo a ser perseguido pelo BC em 2023, de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
De acordo com o último Boletim Focus, a projeção dos economistas para 2024 é de 3,5%, acima do centro da meta, fixada em 3% pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).
Os economistas consultados pela Folha também destacam a aceleração da atividade econômica em ritmo mais forte que o esperado. O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 1,2% no segundo trimestre, impactado principalmente pelo setor de serviços.
Para os economistas do ICL, André Campedelli e Deborah Magagna , a atividade econômica do segundo trimestre e a perspectiva de um aquecimento da economia, puxada pelas políticas de transferência de renda, fizeram com que novamente ocorresse um aumento da previsão do nível de atividade econômica em 2022, que saiu de 2,39% para 2,65%, próximo a projeção
oficial do governo, ajustada para 2,7% na última semana. “Porém, os temores em relação aos efeitos de médio prazo do gasto fiscal continuam refletindo negativamente no PIB de 2023, que manteve sua previsão em 0,5%. O valor continua baixo e próximo a estagnação.”
Apesar desse temor, o mercado tem apostado na manutenção da taxa de juros que será anunciada hoje.
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S. Paulo