Alta de combustíveis gera impacto no frete e efeito cascata em produtos e serviços

Pesquisa revela que nas compras, em geral, o brasileiro precisou gastar cerca de 12% a mais no último trimestre
21 de junho de 2022

Não é só combustível que aumenta. Quando há um reajuste sobre preços da gasolina e do diesel, o efeito cascata na inflação é grande, com vários produtos e serviços encarecendo.

O mais recente aumento do diesel anunciado pela Petrobras vai acarretar um reajuste adicional de, no mínimo, 5% no valor do frete, provocando um efeito cascata no mercado. O alerta é da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), que representa 15 mil empresas de transportes.

De acordo com a entidade, no acumulado do ano, a alta do diesel variou em média 28,93% nas bombas de abastecimento, em um grande verdadeiro efeito cascata . Nos últimos 12 meses, entre junho de 2021 e julho de 2022, a variação média é de 52,69%. Para evitar maiores perdas e o efeito cascata , a Associação recomenda que as empresas transportadoras negociem a inclusão nos contratos antigos e sugere colocar, nos novos contratos, um gatilho para os aumentos do diesel.

A Petrobras, no último dia 17, reajustou em 14,26% o preço do diesel e também elevou o preço da gasolina em 5,2%, o que vai provocar ainda mais o efeito cascata no mercado.

Como a imensa parte dos transportes de mercadorias no Brasil é feita por caminhões, o aumento no frete é de imediato repassado aos atacadistas e varejistas e, no efeito cascata, aos consumidores finais.

Os serviços também são impactados pela alta dos preços dos combustíveis. Um levantamento da PicPay, divulgado nesta segunda-feira (20), indica que o brasileiro gastou 14% a mais com transportes em março deste ano do que em dezembro de 2021. O gasto médio para esse tipo de despesa saltou de R$ 271 para R$ 310 no período avaliado, devido, principalmente, ao aumento do preço dos combustíveis.

Os gastos com serviços de TV, Internet e telefone também ficaram muito mais altos que os índices da inflação, passando R$ 92 para R$ 125 — um aumento de 35%.

A pesquisa revela que nas compras, em geral, o brasileiro precisou gastar cerca de 12% a mais, isso significa que o valor médio gasto passou de R$ 203 para R$ 227.

Falta de dinheiro fez gastos com alimentação e educação encolherem: resultado do efeito cascata

Nos setores de alimentação e educação houve queda nos gastos no período pesquisado, comparando dezembro de 2021 e março deste ano. Isso aponta para a alta dos preços e a queda no poder de compra dos trabalhadores, que, mesmo para produtos e serviços essenciais, teve que fazer cortes.

No setor da alimentação, o brasileiro deixou de gastar R$ 103 ao mês, uma queda de 14% no trimestre. Em dezembro do ano passado, os gastos eram em média de R$ 731 com supermercados, bares e restaurantes. Em março deste ano, baixaram para R$ 628.

Nos gastos com educação, o corte no orçamento atingiu 18%, caindo de R$ 246, em dezembro, para R$ 202, em março.

Dados do Observatório das Metrópoles, divulgados no Boletim Desigualdade nas Metrópoles, mostram que, no acumulado em 12 meses, o impacto da inflação para a população com renda muito baixa foi de 12%; para a renda baixa, 11,8%; para a renda baixa-média, 11,9%; para a renda média de 11,7%; para a renda média-alta, 11,2% e para a renda alta, de 11,3%. No acumulado em 12 meses, os dois grupos de maior impacto foram os alimentos e bebidas e o grupo transportes.

Os dados da pesquisa da PicPay foram obtidos a partir da análise de mais de 760 mil contas de usuários que compartilharam suas informações bancárias via marketplace financeiro da empresa, que tem mais de 30 milhões de usuários ativos.

Redação ICL Economia
Com informações do Estadão Conteúdo e agências

 

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