Aposentados de volta ao trabalho nos EUA é resultado da alta na inflação. Número de idosos trabalhando deve dobrar até 2030

Para os mais velhos, as principais oportunidades têm sido no setor doméstico, setor em que os empregos são de meio período e com salários mais baixos
22 de julho de 2022

A necessidade por mais rendimentos, diante da disparada da inflação e a consequente perda do poder de compra, está levando aposentados dos EUA de volta ao mercado de trabalho. As projeções do Bureau of Labor Statistics indicam que o número de idosos trabalhando deve quase dobrar até 2030, quando quase 10% da força de trabalho civil terá mais de 65 anos.

Esse cenário é consequência de vários fatores, entre os quais a maior expectativa de vida. Contudo, alta da inflação nos EUA, que acumulou aumento anual de 9,1% até junho, acarretando mais gastos devido à escalada nos preços dos alimentos, gás e habitação.

A inflação alta ainda prejudica a renda fixa dos aposentados, que estão tendo que consumir suas economias. De acordo com uma pesquisa publicada na semana passada pela seguradora de vida F&G, quatro em cada cinco adultos americanos com 50 anos ou mais, que possuem investimentos no valor de pelo menos US$ 10 mil, estão preocupados com a inflação quando se aposentam.

O mesmo levantamento mostrou que mais da metade dos pré-aposentados esperam trabalhar meio período na aposentadoria para cobrir as despesas do dia a dia.

Outra pesquisa realizado pela Kaiser Family Foundation, feita no fim de 2018, descobriu que mais de 15 milhões de aposentados com 65 anos ou mais, ou cerca de um em cada três, são economicamente inseguros, com renda abaixo de 200% da linha de pobreza federal.

Da mesma forma, 36% dos americanos aposentados com idades entre 65 e 69 anos não podem cobrir um ano de cuidados mínimos sem esgotar seus recursos.

Aposentados têm mais oportunidades no setor doméstico com menores rendimentos

A volta dos aposentados norte-americanos ao mercado de trabalho se dá em um momento de grande demanda. O mercado de trabalho americano é o mais aquecido em duas décadas, tendência originalmente impulsionada pelo fenômeno que ficou conhecido como “A grande renúncia”, quando um número recorde de pessoas deixou seus empregos após o início da pandemia, em 2020.

Em 2021, 47,4 milhões de trabalhadores largaram seus trabalhos por vontade própria, volume nunca antes visto. Este ano, a média está acima das 4 milhões de desistências voluntárias por mês, segundo o Departamento do Trabalho.

A taxa de desemprego hoje nos EUA está em 3,6%, a menor desde fevereiro de 2020, quando foi de 3,8%, e um pouco acima dos 3,5% no período pré-pandemia. O país tem 5,9 milhões de desempregados, ou seja, pessoas que procuram trabalho. Desse total, só 1,3 milhão (ou 22,6%) o fazem dentro do que se chama longa duração (27 semanas ou mais).

Para os idosos, as principais oportunidades têm sido no setor doméstico, setor em que os empregos são de meio período e com salários mais baixos. A fundadora da Seniors4Hire, plataforma de contratação para trabalhadores mais velhos, Renee Ward, afirmou que “precisamos ver mais empregos assalariados com altos salários sendo oferecidos para pessoas com mais de 55 anos”.

Pedidos de auxílio-desemprego podem sinalizar inversão da situação dos EUA

Apesar do cenário do emprego nos EUA parecer positivo, com muita oferta de trabalho, os pedidos iniciais de auxílio-desemprego subiram em 7.000, resultando em 251.000 na semana encerrada em 16 de julho, contra 244.000 na semana encerrada em 9 de julho, segundo o Departamento do Trabalho dos EUA.

Com o crescimento do emprego ao longo do ano passado, os pedidos caíram para uma mínima quase recorde em março e estavam em torno de 230.000 desde junho, antes do aumento da semana passada para o nível mais alto desde novembro. Os economistas haviam projetado 240.000 pedidos para a última semana.

Já há relatos de demissões nos setores de habitação e indústria, que são sensíveis às taxas de juros, cuja expectativa é de alta devido à aceleração inflacionária.

Redação ICL Economia
Com informações de O Globo e agências

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