A perspectiva é de aumento da safra brasileira para o final de 2022, principalmente com elevação das safras de soja e milho. O resultado veio com a melhora climática, que deve aumentar a produção da soja e milho, principalmente da soja, no segundo semestre, com presença importante na exportação brasileira.
Porém, vale ressaltar que a área plantada de apenas três culturas, soja (46%), milho (24%) e cana de açúcar (11%), corresponde a 81% da área plantada total no País. É o agronegócio voltado à agenda exportadora, sem atenção à alimentação do brasileiro, como culturas de feijão e arroz cada mais vez escassas e “pesadas” ao bolso do povo.
Levantamento Sistemático da Produção Agrícola estima novo aumento da safra no final do ano de 263 milhões de toneladas, 3,8% acima do total do ano anterior e 0,6% maior do que a perspectiva apresentada no último mês. Devido à melhora das condições climáticas, ocorreu, pela primeira vez no ano, um aumento na perspectiva da colheita de soja, de 0,1% neste mês, que ficou em 118,6 milhões de toneladas, segundo levantamento divulgado na quarta-feira (8).
O aumento da plantação de soja e milho é resultado direto da guerra entre Rússia e Ucrânia e o espaço que foi tomado pelo comércio brasileiro deixado por ambos os países. Essa expansão está ligada ao setor exportador e pouco deve alterar a oferta interna de alimentos no país, lembrando que pesquisa divulgada esta semana apontou que 33 milhões de pessoas passam fome no Brasil.
Apesar da expressiva colheita da soja em 2022, o resultado deve ser pior do que no ano anterior, o que será compensado pela alta do milho, que cada dia também ganha mais relevância na pauta exportadora brasileira.
Em comparação ao mesmo período do ano anterior, alguns grãos importantes apresentaram redução. O arroz teve uma queda estimada de 0,8% se comparado ao mesmo período do ano anterior, enquanto o feijão de primeira safra teve queda de 1,9% e a soja, mesmo diante da melhora das estimativas, teve queda de 12,1% no período.
Porém, a maior parte da safra deste ano mostrou perspectivas melhores de colheita, como o feijão de segunda e terceira safra, que teve alta estimada de 32,7% e 17,6% respectivamente, o milho, que teve na primeira safra melhora estimada de 0,2% e na segunda safra de 38,9%, e o café, que arábica teve alta estimada em 9,8%.
Área plantada e safras de soja e milho crescem para exportação, em detrimento da cultura do feijão, presente na alimentação do brasileiro
A perspectiva de expansão da área plantada no País ficou em 462 mil hectares a mais em maio do que era no mês anterior, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola. A expansão deve se dar na produção de frutas, com aumento de 273 mil novos hectares, do trigo com aumento de 137 mil hectares, do algodão com 104 mil hectares, do milho com alta de 86 mil hectares e da soja com alta de 71 mil hectares.
Já a área plantada do feijão que era de 6,153 milhões de hectares em 2021/22, agora ocupa 2,816 milhões, de acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) — uma queda de 54%.
O dado deste ano é o menor desde 1976, início da série histórica, e representa a área plantada total no ano, incluindo três safras. A queda da área plantada se deve ao aumento das áreas de soja e milho, que apresentam uma liquidez de mercado e rentabilidade maior frente ao feijão.
Para o Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe), a produção atual é insuficiente para abastecer o mercado interno. Ainda assim, o feijão não deve desaparecer das prateleiras. O Brasil deve buscar outros feijões de países vizinhos no Mercosul. No entanto, para o final do ano, é esperada uma elevação significativa dos preços. Com preços crescentes, a demanda deve sofrer com pequenas reduções, o suficiente para limitar qualquer escassez de oferta. Ou seja, para não faltar feijão na prateleira do mercado, o feijão vai faltar na mesa do brasileiro que não puder pegar por um preço mais alto.
Os especialistas dizem que o feijão mais afetado com a queda de produção é o carioca. Esse tipo é produzido apenas no Brasil e não tem oferecido muitas vantagens para os produtores. Por não ser consumido fora do país, não dá para exportá-lo, sem gerar renda melhor aos agricultores.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do Boletim Economia Para Todos