Dados preliminares da balança comercial, nas três primeiras semanas de maio, mostram saldo positivo em US$ 3,11 bilhões, resultado de um volume de US$ 20 bilhões em exportações e de US$ 16,88 bilhões em importações. Apesar de o Brasil assumir o espaço de itens anteriormente vendidos pela Ucrânia no mercado internacional, como o milho e o trigo, melhorando a situação do comércio internacional brasileiro, a tendência para os próximos meses é de desaceleração da balança comercial.
“Há expectativa de desaceleração porque o comércio exterior brasileiro tem apresentado tendência de queda até este momento, ainda que superavitária, pois tem sofrido com os reflexos da baixa atividade econômica da China, com lockdown em importantes cidades do país”, afirmam os economistas do ICL André Campedelli e Deborah Magagna.
A indústria extrativa foi a que mais sofreu com o cenário. Já a agropecuária também apresentou problemas, principalmente em relação à soja. A situação entre a Rússia e a Ucrânia contribuiu para os resultados na agropecuária brasileira, uma vez que a elevação de exportações de trigo e milho reduziram suas quedas em comparação ao mesmo período do ano anterior. É importante observar nos próximos meses o comportamento do comércio internacional, que tem sido um dos principais motores do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil este ano.
O acumulado geral da balança comercial, em 2022, até a terceira semana de maio, foi de US$ 23,29 bilhões, resultado de um saldo de US$ 121,43 bilhões em exportações e de US$ 98,14 bilhões em importações.
Mesmo com uma atividade maior no comércio internacional, o resultado foi negativo se comparado ao mesmo período do ano anterior, com queda de 6,9%. Em 2021, registrou saldo de US$ 26,58 bilhões, devido a um resultado de US$ 107,9 bilhões em exportações e de US$ 81,33 bilhões em importações. A diminuição foi consequência da queda ocorrida na indústria extrativa, em função do cenário da economia chinesa.
Desempenho do milho, da soja, do algodão e do trigo na balança comercial brasileira
Os períodos de março de 2021 e de 2022 podem ser comparados por meio da média diária de produção. Na agropecuária, houve queda de 1,04%, devido à redução na venda de soja para a China, que teve queda de 8,3%.
Outro resultado negativo foi o do algodão bruto, que caiu 21,5%. Porém, tanto o milho quanto o trigo tiveram altas expressivas, mostrando que o Brasil está tomando temporariamente o lugar da Rússia e da Ucrânia na venda destes itens no mercado internacional. Para o milho, a alta foi de 9.597% e para o trigo, alta de 2.020.155%.
A indústria extrativa foi a que mais sofreu com a situação da China, com redução de 7,59% no período. As retrações mais nítidas foram aquelas com maior volume de exportação para a economia chinesa, como o minério de ferro, que teve queda de 20,8% e do minério de cobre, com recuo de 38,7%. Alguns setores tiveram bons resultados, como no caso do óleo cru de petróleo, que se beneficiou da incerteza em relação ao petróleo russo, e aumentou sua venda em 12,5%.
A indústria de transformação voltou a apresentar sinais de melhoria e certa recuperação após períodos mais agudos das restrições sanitárias contra a disseminação da covid-19. O setor teve um resultado 19,1% melhor neste período, com destaque para o farelo de soja, com alta de 48,65%; de produtos semiacabados de ferro e aço, com alta de 37,9%; celulose, com alta de 6,3%; da carne bovina, com alta de 42%; e da carne de aves com alta de 38,8%. Os automóveis, importante indústria brasileira e com um nível de complexidade maior, tiveram alta de 23,11%, um bom resultado para o momento.
Redação ICL Economia
Com informações do Boletim “Economia Para Todos Investidor Mestre”