Boletim Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (31) mostra que o mercado financeiro ampliou de 5,60% para 5,61% as projeções de inflação para este ano. É a primeira elevação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 17 semanas. A consulta inclui as perspectivas dos agentes financeiros até a sexta-feira passada (18), portanto, não refletem o resultado do segundo turno das eleições presidenciais de ontem (30), com a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que deve acontecer na próxima rodada.
Para 2023, a projeção da inflação ficou em 4,94% e, para 2024 e 2025, as previsões do Boletim Focus são de que o indicador fique em 3,50% e 3%, respectivamente.
A estimativa do Boletim Focus para 2022 está acima do teto da meta de inflação, de 3,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2% e o superior 5%.
Em setembro, houve deflação de 0,29%, o terceiro mês seguido de queda no indicador. Com o resultado, o IPCA acumula alta de 4,09% no ano e 7,17% em 12 meses, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Contudo, vale lembrar que o IPCA-15, prévia da inflação oficial, ficou em 0,16% em outubro, ante -0,37%, puxado principalmente pela inflação dos alimentos, conforme lembrou a economista do ICL Deborah Magagna, no ICL Notícias desta segunda, programa diário no YouTube. “O IPCA-15 e o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) já mostraram inflação de alimentos mais alta”, disse.
Além disso, os preços dos combustíveis estão represados por pressão do presidente Jair Bolsonaro (PL), que concorria à reeleição e temia os efeitos de um reajuste da gasolina e do diesel em sua candidatura.
No último dia 25, a gasolina vendida pela Petrobras estava 12,27% ou R$ 0,46 por litro mais barata que os preços internacionais. O diesel segue 14,13% ou R$ 0,80 por litro abaixo do PPI (Preço de Paridade Internacional).
Boletim Focus mantém expectativa de crescimento do PIB em 2,76% para este ano e de 0,64% para o ano que vem
A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira neste ano continua em 2,76%. Para 2023, a expectativa para o PIB (Produto Interno Bruto é de crescimento de 0,64%. Para 2024 e 2025, o mercado financeiro projeta expansão do PIB em 1,8% e 2%, respectivamente.
Já a expectativa do boletim focus para a cotação do dólar manteve-se em R$ 5,20 para o final deste ano. Para o fim de 2023, a previsão é de que a moeda americana se mantenha nesse mesmo patamar.
Mas a economista ressaltou que, “quando se olha as perspectivas mais recentes, aconteceu um movimento de queda para o PIB deste ano. A gente viu chegar até 2,74% e isso pode mostrar que, no próximo relatório a ser divulgado na semana que vem, o PIB venha com alguma redução para este ano”, disse.
Para o ano que vem, segundo ela, também se começa a ver um movimento de inversão do PIB, mas a Selic (taxa básica de juros) e o dólar estão estáveis.
Ela acredita que, no próximo boletim, os agentes do mercado financeiro podem começar a pressionar a equipe econômica do governo de transição, principalmente a divulgação dos nomes que comporão a equipe econômica.
“Hoje, no pré-mercado de Nova York, vimos uma abertura bem negativa, pensando em nossa bolsa que é referenciada lá em dólar. Mas essa queda teve uma diminuição bastante intensa, o que também mostra que o mercado podia estar apreensivo com a aceitação do resultado eleitoral”, explicou.
O também economista do ICL Eduardo Moreira enfatizou que essa percepção do mercado se deve pela justeza do resultado eleitoral – a margem pequena com que o petista Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito. “Com esse resultado, o mercado fica com a dúvida seguinte: o Bolsonaro (presidente Jair Bolsonaro) vai aceitar, vai se pronunciar? Então, o mercado pode ver isso como risco, no sentido de que podemos esperar uma confusão institucional? Essa situação tem um culpado, que é cem porcento Bolsonaro e (Paulo) Guedes (ministro da Economia)”, avaliou.
Os dois economistas ainda pontuaram que os pacotes de bondades eleitoreiros de Bolsonaro para ganhar voto forçou a inflação a ficar menor, mas agora os problemas podem começar a aparecer, pois os estados estão com problemas enormes de caixa. “O Bolsonaro mexeu na marra nos preços da Petrobras e é natural que se tenha uma pressão inflacionária”, observou Moreira.
Já para a taxa de juros, o Banco Central deverá mantê-la em 13,75% este ano. Para o mercado financeiro, a expectativa é de que a Selic caia para 11,25% ao ano somente no fim de 2023. Já para 2024 e 2025, a previsão é de Selic em 8% ao ano e 7,75% ao ano, respectivamente.
Redação ICL Economia
Com informações da Agência Brasil e do ICL Notícias