Com a mudança na geopolítica após a invasão da Rússia à Ucrânia, o Brasil tenta se apresentar à União Europeia como parte de uma nova cadeia de suprimentos e representante de energia limpa. Dessa forma, o governo brasileiro também quer aproveitar para mudar a sua imagem em relação ao desmatamento.
Segundo o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, a geopolítica mudou muito e o Brasil tem uma oportunidade de aproveitar a possibilidade de geração de energia excedente, com potencial de produção de energia eólica e hidrogênio verde que custa a metade do preço. O ministro discursou durante evento a empresários da indústria na última terça-feira (23), em São Paulo.
Na última semana, a agência de notícias Reuters apontou que representantes da União Europeia buscaram o governo brasileiro, por meio do Itamaraty e do Ministério da Economia, com o objetivo de avançar nas negociações sobre o acordo com o Mercosul, após longo período de tratativas paralisadas.
O indicativo de reaproximação dos europeus após uma série de entraves para efetivar o acordo é visto no governo brasileiro como um sinal do redesenho das cadeias globais de valor, especialmente após a pandemia e a Guerra da Ucrânia, que teria ampliado o poder do Brasil nas negociações.
Em maio, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentou o plano da União Europeia para proibir totalmente a importação do petróleo russo, frisando que não será uma medida fácil, mas que os europeus vão trabalhar para isso. Para revidar, também o presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou decreto determinando a adoção de sanções econômicas retaliatórias ao Ocidente.
Integrantes do governo tiveram uma conversa preliminar com emissários da União Europeia e uma nova reunião está prevista para ocorrer até o fim de setembro para traçar um cronograma de encontros, disse uma das fontes, que é do governo e falou sob condição de anonimato porque os debates são privados.
Países da União Europeia precisam de commodities agrícolas, minerais e energéticas e não podem contar mais com a Rússia
Segundo a agência, fontes revelaram que a discussão estava enterrada e o tema voltou justamente porque países da União Europeia precisam de commodities agrícolas, minerais e energéticas e não podem contar mais com a Rússia.
Após 20 anos de negociações, o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia foi firmado em 2019, no início do mandato do presidente Jair Bolsonaro.
Para que ele passe a valer, no entanto, é preciso ter o aval dos parlamentos dos países, ponto que não avançou diante da pressão dos europeus alegando piora de indicadores ambientais do Brasil.
O movimento contrário, liderado pela França, colocava a destruição da Amazônia como barreira, enquanto dados oficiais recentes mostram que o desmatamento na floresta atingiu recorde nos primeiros sete meses deste ano, e o país caminha para o pior período da temporada anual de queimadas.
Agora, sem o gás da Rússia, a economia da Alemanha perderá mais de EUR 260 bilhões (R$ 1,3 trilhão) em valor agregado até 2030 devido à Guerra da Ucrânia e aos altos preços da energia, com efeitos negativos para o mercado de trabalho, de acordo com um estudo do IAB (Instituto de Pesquisa de Emprego).
O PIB (Produto Interno Bruto) ajustado aos preços da Alemanha será 1,7% menor e haverá cerca de 240 mil pessoas a menos empregadas, segundo o estudo.
A Alemanha, por exemplo, está em uma encruzilhada pela busca de energia via carvão. Triplicou o preço do carvão e eles não conseguem transportar, por causa da seca nos rios”, disse o ministro do meio ambiente.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias